Insinua-se na imprensa capitalista que o Judiciário (STF) e principalmente as Forças Armadas estariam contendo os investidas autoritárias de Jair Bolsonaro. Os militares exerceram assim a função de salvaguardar a democracia no país, sua missão no governo seria de observá-la e defendê-la das tendências autoritárias. Essa ideologia que procura influenciar até mesmo setores de esquerda é tão falsa, quanto prejudicial ao povo brasileiro.
O presidente da República participou, no último domingo (19), de um ato golpista, em frente ao QG do Exército, em favor do estabelecimento de uma nova ditadura de caráter fascista no país. Bolsonaro aí discursou para seus asseclas e afirmou, inflamando os presentes: “Nós não queremos negociar nada. Queremos é ação pelo Brasil. Chega da velha política. Acabou a época da patifaria. Agora é o povo no poder. Lutem com o seu presidente”.
A explicitação de uma política golpista em marcha assustou a setores da burguesia, não porque sejam democratas, mas por serem partidários da discrição em relação a esses assuntos. A fala teve repercussão, diante dela os poderes constituídos saíram em defesa da “democracia”. No dia seguinte, o mesmo Bolsonaro afirmou em pronunciamento que no que depender dele liberdade e democracia acima de tudo e que já chegou ao poder, e por isso não necessitaria dar golpe. Chegou mesmo a afirmar que ele e a constituição.
Analistas da burguesia viram uma mudança de discurso e que essa seria por pressão do militares e do Judiciário, os verdadeiros protetores da democracia. “Bolsonaro modulou discurso após pressão de militares e do Judiciário”, eis um título de matéria publicada na golpista Folha de São Paulo de opinião, por exemplo, que procura sustentar a ideia de que os militares estão contendo o autoritarismo do governo Bolsonaro. Essa ideia pode ser encontrada inclusive na imprensa de esquerda.
A burguesia alimenta inúmeros mitos para tirar lhes proveito, assim como era um mito a ideia de que as FA nacionalistas, que caiu por terra ante a subserviência das mesmas ao imperialismo, também é um mito, ainda mais absurdo, a ideia de que as FA seriam democratas ou atuariam no governo Bolsonaro em defesa da democracia.
As FA, assim como o aparato de repressão interna, são em sua essência um força anti-democrática, cuja, função é justamente suprimir os direitos em maior ou menor grau, as FA são a última força da burguesia ante a uma grande crise política. De outro ponto, é uma tradição das FA nacionais o caráter golpista e de direita extremamente acentuado, basta ver as declarações dos atuais chefes militares, como Mourão, Heleno etc,.
Contudo, no Brasil não há democracia, comparecendo no país apenas como uma expressão, mas que não corresponde em absoluto o regime político vigente, se essas instituições fossem favoráveis à democracia, denunciariam o caráter antidemocrático e ditatorial que o regime que eles participam como ministros assumiu.
É um engodo, cujo sentido é criar uma reserva moral, as FA, ante uma possível desmoralização total de Bolsonaro, que nesse cenário hipotético apareceriam como os salvadores que dariam o golpe instituindo uma ditadura em defesa da democracia. A burguesia de conjunto não rompeu com o esse governo, apenas que um setor tem um apoio crítico, ou seja, apoio o governo mas critica determinados aspectos do governo, como é o caso da ação do governo de apoiar o um golpe abertamente, Bolsonaro queimou a largada e foi advertido, mas continua sendo a liderança da burguesia de conjunto.
