O “santinho digital” de Crivella causou um “mal-estar” tanto na ONU quanto nas forças armadas brasileiras. Andréa Firmo (Republicanos), sua candidata à vice-prefeita, aparece, na imagem, no centro, entre Crivella (à esquerda) e Bolsonaro (à direita), trajando uniforme camuflado, além da boina e lenço azuis das forças militares da ONU.
A legislação militar proíbe o uso de fardamento militar em manifestações de caráter “político-partidário”. Entretanto, é mais do que sabido que isso não passa de demagogia barata para dar aparência de neutralidade às forças armadas, especialmente pela imagem negativa da mesma perante a esmagadora maioria da população após o golpe de 1964 e a ditadura que o sucedeu.
Tanto a ONU quanto as forças armadas brasileiras nunca foram, e nem nunca serão, neutras. Pelo contrário, são o símbolo maior da extrema-direita e do imperialismo.
Pelo lado da ONU, basta lembrar suas “missões de paz” em Kosovo e Haiti, que deveriam ser renomeadas como “missões de guerra”, dada a violência e repressão sobre as populações locais.
Já as forças armadas brasileiras, sempre agiram sobre o cenário político do país, principalmente para atender aos interesses dos imperialistas. Desde a proclamação da república (feita por militares), passando pela ascenção de Getúlio Vargas e o pelo golpe de 1964, até a eleição de Bolsonaro (capitão da reserva e com vice-presidente general da reserva), as forças armadas sempre estiveram presentes na política nacional. É raro, nos últimos 140 anos, ver um momento em que não estiveram no poder ou próximo do mesmo.
A reação negativa à imagem de Firmo fardada no “santinho” de Crivella se deve também a uma questão estratégica. As forças armadas apoiam a direita brasileira, especialmente a com viés fascista, porém, por uma estratégia no jogo de aparências, faz de tudo para se “camuflar”, especialmente neste momento, onde a crise capitalista se intensifica e a miséria cresce no país.
O “clube militar da terceira idade” que joga o xadrez político adota uma certa cautela, uma política de aproximações sucessivas. De passo-em-passo colocam os seus no poder, utilizando fantoches como Bolsonaro e Crivella como ponta-de-lança, enquanto, por baixo dos panos, fortalecem-se aumentando seus orçamentos e garantindo a lealdade dos setores mais baixos da hierarquia militar através de benefícios e exclusão nas reformas que esfolam vivos os trabalhadores.
Não se deve cair nesta encenação de quinta-categoria. Pelo contrário, é necessário, mais do que nunca, denunciar a presença dos militares na proximidade do poder. É hora de mobilizar a população para que estes parasitas, agentes do imperialismo e da burguesia, sejam removidos, junto com os demais golpistas do poder. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!