Na onda de ataques da direita fascista sobre a esquerda em geral, uma nova ameaça foi recebida por um funcionário público de 61 anos militante filiado ao PT, que preferiu não se identificar em entrevista ao Carta Capital. Mais especificamente uma ameaça de morte a ele e à outra moradora conhecida da cidade de Botucatu que havia sido candidata a vereadora pelo MDB na época do governo petista.
O ocorrido se constituiu de uma carta de ameaça acompanhada de dois projéteis balísticos entregues em um envelope de depósito bancário na caixa de correio da residência do partidário petista. O conteúdo da carta demonstra o caráter fascista do ato ao justificar-se como “resposta” às críticas online feitas pelos ameaçados aos direitistas da cidade, que segundo os eles seriam “cidadãos de bem”.
É preciso dar destaque a uma série de “coincidências” que mais uma vez reforçam o caráter fascista e pró-governo. A posse de munição, no caso calibres 38 e 32, a informação da localização correta sobre onde se encontram os ativistas políticos e o fato de se tratar de uma cidade do interior, que como é de conhecimento comum dentre os moradores dessas cidades, são dominadas por forças direitistas com especial menção ao caráter ainda mais assassino das forças de repressão locais. Ou seja, os pais de Bolsonaro e os filhotes dele, que compõem sua base.
Desde o desfecho da fraude eleitoral de 2018, os adeptos bolsonaristas e os membros das forças policiais que o apoiam vem praticando sucessivas ameaças, agressões e até assassinatos que representam o projeto de extermínio da esquerda proposto pelos apoiadores diretos do governo. Um dos primeiros desses ataques foram as execuções de dois membros do MST, José Bernardo da Silva e Rodrigo Celestino, no dia 8 de dezembro de 2018 no acampamento da Paraíba. De lá para cá, a ofensiva não parou, e novamente vem se intensificando em diversas roupagens. Para ilustrar, citamos as invasões às sedes e diretórios municipais do PT, a investida da PF sobre a Força Sindical, e mais recentemente o ataque hacker ao DCO no dia 18/07/20.
Nesse contexto, a esquerda em geral deve apoiar a tendência de mobilização das massas intensificando suas atividades, assim como denunciando os ataques, não se acovardando diante a ofensiva fascista. A política de mobilizações é a única que permite uma defesa efetiva, que permite migrar da política defensiva para uma crescente ofensiva da esquerda capaz de superar não só as investidas abertamente fascistas, mas também os entraves do compromisso da esquerda pequeno-burguesa com a frente ampla, uma política impopular.
Como uma continuação da política de mobilização, que inicialmente busca prevenir futuros ataques desincentivando-os com uma resposta à altura, a formação de comitês de auto-defesa, que é a política do PCO desde 2018, vem demonstrando sua necessidade na cidade e, urgentemente, no campo. Formar comitês de autodefesa já!