Acampados nos gramados da Esplanadas dos Ministérios em Brasília, o grupo bolsonarista denominado “300 do Brasil” é uma milícia fascista em formação. Defensores da implementação de uma ditadura fascista no país e do “extermínio da esquerda”, o grupo realiza treinamentos militares e atividade de cooptação de pessoas sob o lema: “você não é mais um militante. Você agora é um militar”; não se sabe até agora a verdadeira extensão desse grupo. Uma das líderes aparentes do grupo, Sara Winter, afirmou em entrevista à BBC Brasil, inclusive, que membros estão armados, segundo ela, porém, para auto-defesa, o que naturalmente significa para o ataque a esquerda.
O aparecimento de um grupo fascista à luz do dia, ainda que com a demagogia tradicional deste movimento, é a expressão da crise política nacional agravada pela crise econômica e de saúde. O espectro de democracia que existia na país sucumbi-o completamente no golpe de 2016, o regime intermediário, semi-bonapartista, que surgiu com Bolsonaro é também incapaz de conciliar os interesses até mesmo dos setores da burguesia, além de despertar o ódio das massas populares.
Bolsonaro, contudo, apoia-se na pequena-burguesia reacionária, ainda mais desesperada pela crise atual, para se contrapor aos setores da burguesia que procuram controlar completamente a política do governo. Apresenta assim a todo momento a saída da ditadura fascista como a única capaz de resguardar os interesses da burguesia e o capitalismo brasileiro esmagando totalmente a oposição. A milícia fascista surge nesse cenário, como uma importante ferramenta de “convencimento” dos setores da burguesia “dissidentes”, ou seja, crítica de aspectos do governo, e como forma de agrupar sua base. A ditadura fascista é uma ameaça real e, podemos dizer, iminente.
A esquerda, no entanto, não enxerga a dimensão do perigo, procuram conciliar-se com a burguesia dissidente na esperança que está limite ou substitua Bolsonaro e a camarilha fascista que está no poder. Uma política desastrosa já comprovada historicamente, a burguesia civilizada, a dissidente do bolsonarismo, teme, assim como toda a burguesia, mais a classe operária e o povo que o fascismo e não se furtará a passar para o lado deste e apoia-lo fanaticamente se se demonstrar capaz e forte o suficiente. O Psol, numa demonstração de obtusão política entrou com pedido junto a Procuradoria-Geral da República para abertura de inquérito por formação de milícia contra o grupo fascista, demonstram que creem no regime político democrático que que só existe na cabeça do pequeno-burguês democrático, as instituições não apenas não conterão o fascismo como o estimulam e farão parte dele caso venha a se confirmar tão nefasto desenlace.
A esquerda deve organizar-se para dar uma resposta a altura da ameaça, somente a classe trabalhadora suas organizações; o conjunto dos oprimidos do país podem fazer frente a ameaça fascista. Eis a essência da política de frente única, um movimento de todas as organizações operárias, populares e camponesas, da esquerda, dos trabalhadores das cidades e do campo; dos pobres, dos desempregados, dos sub-empregados, da pequena burguesia democrática, em suma das esmagadora maioria do povo brasileiro para esmagar a ferro e fogo o fascismo.
É preciso mobilizar o povo contra o governo bolsonaro, líder do fascismo e da burguesia no país, e contra todos os grupos fascistas que pululam, em defesa de um programa de reivindicações que atendam os interesses dos trabalhadores, programa que deve ser o objeto de um encontro de todas as organizações de trabalhadores; esquerda e do povo que deve ser chamado com urgência para discutir a situação política e de saúde antes que seja tarde demais.
Em relação aos “300” fascistas, a esquerda tem que chamar uma ato para confrontar e varrer essa escória dos gramados em Brasília onde se encontram, o que já seria um extraordinário começo.
