A pandemia da covid-19, que vem castigando a população brasileira, tem se mostrado palco privilegiado para a política demagógica da direita. Para mascarar a falta de ações efetivas de combate epidemiológico, muitos governadores direitistas apresentaram a quarentena como a tábua de salvação nacional, mesmo que ela nunca tenha atingido ampla abrangência.
Amazonas foi o primeiro estado brasileiro onde o colapso dos sistemas de saúde e funerário ficou escancarado. O governador Wilson Lima (PSC) chegou a comprar respiradores que, além de inadequados para uso em terapia intensiva, custaram mais de 300% em relação ao preço de mercado. Esta compra foi realizada junto a uma loja de vinhos, a Vineria Adega, conhecida por ser ponto de encontro entre políticos e empresários na capital Manaus.
Enquanto falta investimento sério em leitos e testes, além de máscaras e álcool em gel, que seja proporcional à situação enfrentada atualmente, políticos direitistas dão um show de horrores quando o assunto é demagogia.
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que chegou a lançar seu nome como pré-candidato à presidência pelo PSDB em 2018, anunciando um programa para “privatizar tudo”, anunciou na manhã do dia 07/05 uma medida que só pode ser caracterizada como escárnio.
Enquanto a capital do Amazonas vive um cotidiano de terror, com média superior a 100 sepultamentos diários, o prefeito tucano anunciou que o cemitério Nossa Senhora Aparecida, onde mortos por COVID-19 estão sendo enterrados em valas comuns, receberá um memorial para homenagear as vítimas da doença.
Parece uma brincadeira de mau gosto que, em meio ao colapso dos sistemas de saúde e funerário, este político profissional da direita – entusiasta do impeachment de Dilma Rousseff – ao invés de investir seriamente na ampliação dos leitos hospitalares e da testagem da população, faça demagogia em cima dos cadáveres que se acumulam nas valas comuns de Manaus.
É preciso ter em conta que a falta de estrutura para lidar com esta crise é resultado das políticas privatistas, de desmonte dos serviços públicos, aplicada por todos estes políticos submissos ao imperialismo e à sua política neoliberal.
A responsabilidade de grande parte destas mortes é justamente da política adotada por toda essa direita brasileira. É como se o general fascista chileno Augusto Pinochet construísse um memorial para as vítimas da sua própria ditadura. Somado ao descaso, sem leitos, sem testes e sem respiradores, a população tem ainda que lidar com essa demagogia barata.