Matéria do jornal Estadão economia destaca a escalada dos juros do rotativo e cartão de crédito. Chegaram a 317,5% ao ano em outubro, enquanto que em setembro estava em 309,7% ao ano. O índice corresponde a aumento de 7,8% nos dados do Banco Central.
A justificação pela alta é dada como decorrente da crise econômica, da pandemia e do desemprego que empurraram as pessoas a recorrerem a essa modalidade de empréstimo por não conseguirem pagar integralmente as faturas do cartão. Com o aumento da procura por empréstimos os juros aumentaram.
Esse tipo de empréstimo é o mais comum e mais prático, uma vez que está pré-aprovado, basta utilizar, embora seja bem mais caro que os empréstimos pessoais que requerem aprovação pelo banco para serem liberados. E nessa modalidade, por ser mais caro, aumenta o risco de inadimplência nos bancos.
Para contornar a inadimplência, em abril de 2017, passou a valer a regra imposta pelo governo aos bancos, onde após um mês a dívida deveria ser passada do rotativo do cartão para o juro parcelado, de menor taxa de juro. A intenção era reduzir a inadimplência e também os juros do cartão de crédito. Atualmente se comprovou ineficiente a estratégia, com o aumento dos juros, e o risco de inadimplência continuar forte.
A taxa do cheque especial diminuiu. Em setembro era de 114% e em outubro foi de 112% ao ano. O crédito pessoal foi de 29,4% para 31,7% ao ano em outubro. A limitação imposta pelo Banco Central de não ultrapassar a 8% ao mês os juros no cheque especial, levou os bancos a oferecer parcelamento das dívidas nessa modalidade.
O volume de total de crédito oferecido pelos bancos chegou a R$ 3,8 trilhões em outubro, com alta de 14,5% em doze meses. Já em relação ao PIB a marca foi de 52,8% em setembro para 53,4% em outubro. O Banco Central projeta aumento de 11,5% de expansão do crédito em 2020.
Desse volume de crédito, a parte destinada às pessoas físicas é de R$ 2,2 trilhões representando acréscimo de 1,7%, enquanto que para as empresas é de R$ 1,7 trilhões, com acréscimo de 1%.
Temos, assim, notícia de aumento dos juros por conta da maior procura por empréstimo para quem perdeu renda com as crises e o desemprego. E a pior parte ficou com os trabalhadores que são os que mais sofrem com as crises.
As empresas e bancos receberam R$ 1,2 trilhões do governo para passarem pela crise, enquanto os trabalhadores receberam a esmola de R$ 600 reais por período limitado e sem abranger a totalidade de desempregados.
A pandemia não dá sinais de recuo, pelo contrário, os números indicam crescimento do número de mortes diárias, passando de 620 casos. E os trabalhadores continuarão sem a esmola a partir de janeiro. Como sobreviver assim?
Quem carrega o peso da crise nas costas são sempre os mesmos, a classe trabalhadora. Com a pandemia o peso aumenta e muito. Por quanto tempo ainda essa classe suportará carregar o país nas costas sem se rebelar contra esse sistema injusto e genocida?
Difícil dizer, mas com certeza as lideranças políticas da classe fazem muita diferença, ao invés de procurarem a conciliação com a elite podre e escravagista, deveriam mobilizar e organizar a luta para reverterem a situação desfavorável em situação mais digna e revolucionária.
A luta pode ocorrer em situação favorável, já que a elite encontra-se em conflito de políticas a serem adotadas, de um lado o presidente querendo ir em direção a reforma fiscal e do outro o Guedes e o imperialismo forçando a mão para reformas do estado, que leva de imediato a mais desemprego e perda de renda.
O governo vai bem quando o povo encontra-se dividido, neste caso o governo é quem está dividido, mas o povo está sem direção política. Com a falta de lideranças, o povo precisa urgentemente se organizar em conselhos populares e estabelecer um plano de lutas e reivindicações, ocupar as fábricas e administrá-las, o mesmo com o estado. Tudo sob controle da classe mais capaz e eficiente, rumo a uma sociedade trabalhadora, organizada por quem produz as riquezas no sistema.