Juó Bananère era o pseudônimo do poeta, cronista e engenheiro civil, Alexandre Ribeiro Marcondes Machado (Pindamonhangaba, SP, 1892 – São Paulo, SP, 1933). Ele usou esse pseudônimo para criar obras literárias num patois falado pela grande colônia italiana de São Paulo.
Viveu até os sete anos em Pindamonhangaba, em seguida muda-se para a capital, onde cursara o ginasial em humanidades. Em 1911, iniciou sua colaboração para a revista O Pirralho, criada por Oswald de Andrade (1890-1954), com As Cartas D’Abax’o Piques, usando uma linguagem macarrônica, mistura de português e italiano. Juó Bananére elaborou textos em cartas, poemas, crônicas, anedotas, entrevistas, entre outros. Logo depois foi demitido da revista em 1915, após publicar uma sátira ao discurso nacionalista que o poeta Olavo Bilac realizou. Após a demissão tornou-se redator da página Sempr’Avanti!! da revista quinzenal O Queixoso, editada por Monteiro Lobato. Em 1917 formou-se em engenharia civil e , em seguida fundou uma empresa de construção.
Sua principal obra foi o livro La Divina Increnca, paródia da Divina Comédia, de Dante. Alexandre não tinha ascendência italiana, mas apaixonou-se pela cultura surgida nos bairros operários em São Paulo na primeira metade do século XX, tornando a cidade o maior centro de imigração italiana do país, onde os imigrantes aportavam na capital em busca de oportunidades de trabalho, geralmente amargavam subempregos e péssimas condições sociais.
O foco da crítica do autor era centrado no imigrante italiano, considerando a sua relevância histórica cuja adaptação ao meio brasileiro foi retratada e problematizada em suas obras. Os imigrantes se inseriram no mercado de trabalho, principalmente, como operários de fábrica. Vários desses trabalhadores já haviam participado de lutas políticas em seus países. Assim, a multiplicação de ideias anarquistas e socialistas revolucionárias no Brasil, nessa época, foi particularmente favorecida em especial pelos imigrantes italianos, que se encontraram também com militantes que tinham fugido de seus países por causa de sua atuação política.
Dessa maneira, é perceptível elementos da existência de uma tradição de luta e de movimentos que ficaram registrados por alguém que representava esses na imprensa, pois Juó Bananère escrevia nos seus dialetos de origem.