De olho nos lucros e nos patrocínios empresariais, alguns clubes dos considerados “grandes” do futebol brasileiro já se movimentam para voltar aos gramados. Algumas federações estaduais já liberaram o retorno dos campeonatos, que foram interrompidos quando ainda ocorriam as rodadas dos estaduais em todo o país.
Em meio à expansão e crescimento da pandemia do coronavírus em todas as regiões do país, com o Brasil se colocando a caminho do primeiro lugar no número de casos de infecção pela Covid-19, o Ministério da Saúde orienta a liberação de atividades físicas ao ar livre, na contramão do que vem sendo adotado por vários países do mundo. Na Europa, os campeonatos não têm data para retornar, sendo que alguns já transferiram para o próximo ano a continuidade das disputas.
Soma-se a isso os apelos igualmente genocidas do presidente fraudulento Bolsonaro, que já declarou apoio ao retorno do futebol mesmo o país estando na sombria liderança dos casos de infecção no continente. O Brasil tem números muito acima dos demais países no registro de casos de infecção e mortes e, ainda assim, oito clubes dos vinte que disputam o campeonato nacional já iniciaram suas atividades, ensaiando a volta aos gramados, em violação a todas as recomendações de proteção e segurança contra a epidemia.
Está claro que a motivação principal são os enormes lucros auferidos pelas camisas dos “grandes”, que cedem espaços para a publicidade das empresas, que também estão forçando a volta ao trabalho dos seus funcionários, sem nenhuma preocupação com as infecções e as mortes que certamente ocorrerão como decorrência da quebra do isolamento e da quarentena.
Dessa forma, é totalmente demagógica e criminosa as declarações da cartolagem mercenária dirigente dos clubes quando afirma que o povo está com “saudades do futebol”, “do espetáculo dos domingos”. A elite direitista reacionária, hipócrita e racista do país não gosta do futebol, não tolera a cultura popular e é, ao mesmo tempo, inimiga do povo e de suas tradições, como é o caso do futebol. São eles os responsáveis pela destruição do esporte mais popular do país, fenômeno que vem ocorrendo em todas as regiões, em todos os Estados. São os mesmos que transformaram os estádios – que recebiam grandes massas de torcedores – “em arenas esportivas”, local onde o trabalhador, o operário e sua família estão impedidos de ir, não podem frequentar, pois o preço dos ingressos são proibitivos à sua renda, ao seu padrão de vida.
É necessário uma campanha que denuncie essa farsa, esse grande engodo, envolvendo a cartolagem corrupta e criminosa que mantém uma verdadeira ditadura à frente dos clubes, alijando os torcedores das decisões sobre os rumos não só dos clubes para os quais torcem, como principalmente dos destinos do futebol nacional como um todo, a paixão maior do povo brasileiro.