O Instituto Federal de Brasília (IFB) anunciou que retornará às atividades letivas de forma totalmente remota no dia 3/8, lançando uma campanha demagógica que pede doações de aparelhos eletrônicos como celulares, notebooks, pen drives e outros eletrônicos velhos que por ventura estejam largados nas casas da altruísta classe média. Instrumentos que serão usados para inserir de forma sorrateira o sistema de ensino a distância (EAD) na educação.
Para que os estudantes adquiram os aparelhos e também chips de serviço móvel e acesso à internet, eles devem os solicitar burocraticamente preenchendo autodeclarações atestando que não possuem previamente qualquer computador, notebook, tablet ou smartphone, que possuem renda familiar de até 1,5 salário mínimo per capita, (o que será também conferido pelo registro de matrícula) e finalmente, que o estudante não solicitará trancamento do curso ou desligamento do IFB, uma vez que o gadget é para facilitar seu acesso à educação. O resultado do requerimento está sendo divulgado com os nomes dos estudantes contemplados.
A Universidade de Brasília (UNB), que está retornando às atividades no dia 17/8, realiza uma campanha similar de arrecadação de aparelhos para facilitar o ensino remoto. Esse tipo de campanha é grotesca sob diversos aspectos. Primeiro por se tratar de órgãos públicos dotados de orçamento administrado pelo governo federal, que não teve escrúpulos em dar mais de R$1 trilhão aos banqueiros, além do que normalmente já dá a título de rolagem da dívida pública. O segundo é a loucura de pedir donativos à população para, objetivamente, implementar o mais audacioso projeto de sucateamento da educação pública, que se inicia com o golpe já no governo Temer, sob o congelamento dos gastos com educação (entre outras despesas primárias) por 20 anos e a destruição das universidades públicas em favorecimento do seto privado, os maiores beneficiados pelo sistema EAD e que conta com a irmã de Paulo Guedes, Elisabeth Guedes, como presidenta da Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP). Evocando um pretexto de suposto amparo, os responsáveis por estas campanhas não fazem mais do que tentar controlar os ânimos e facilitar esse processo iniciado com o golpe.
Esta campanha não oculta somente a destruição da educação, mas também a completa deriva que o país se encontra durante a pandemia do coronavírus. De um lado se faz demagogia com os benefícios do ensino remoto, supostamente útil para evitar aglomerações mas que efetivamente serve para demitir professores e fragmentar o movimento estudantil, bem envernizado por um suposto argumento científico da campanha do “fica em casa”, que absolutamente não encontra amparo na realidade da maioria da população, incapaz de fazer isolamento social real por suas condições de vida e manter condições de higiene adequadas.
Em contraste com a total conivência da burocracia estudantil (UNE, UBES e outras) com as medidas de ataque à educação, que nada vem fazendo além de propaganda auto indulgente, estudantes do Setor leste no DF e do Instituto Federal de Goiás declararam greve contra o EAD, contra a volta às aulas e pelo Fora Bolsonaro. A juventude deve se inspirar nestes exemplos e se organizar em comitês de luta contra estes ataques à educação, contra o golpe de estado e pela mobilização efetiva dos estudantes em defesa de seus interesses.