O governo do Estado do Mato Grosso do Sul prorrogou a suspensão das aulas de todas as escolas estaduais até o dia 3 de maio. A medida atinge 18 mil professores e 210 mil alunos de todas as 352 escolas públicas da rede estadual de ensino. A medida vem por meio de decreto assinado pelo governador, Reinaldo Azambuja, do PSDB, logo após o Estado registrar a primeira morte causada por Covid-19. Ao todo, são 60 casos de coronavírus registrados no Estado(3 de abril).
A medida, mesmo que necessária no atual momento de crise epidemiológica grave, revela um dos grandes interesses do neoliberalismo: o EAD. Vale lembrar que o presidente golpista, Jair Bolsonaro, defendeu, durante sua campanha, o ensino à distância, com o seu discurso ideológico de “combater o marxismo cultural”.
O Ensino à distância é um interesse da elite econômica por dois motivos principais:
1- Reduz os investimentos do Estado em políticas públicas, mais especificamente, na educação. Essa é a máxima do pensamento político-econômico do Neoliberalismo: zerar o déficit fiscal enxugando a máquina pública.
2- Produz uma precarização ainda maior do ensino público. Diante disso, as universidades públicas ficam restritas para um pequeno número de pessoas as quais não precisam utilizar da rede pública, esta, totalmente destruída. Isso gera mão de obra barata, pois, produz-se um exército de reserva de profissionais não qualificados, muitas vezes técnicos, sem poder crítico. Em resumo, fecham-se as portar das universidades para uma pequena elite, jogando as camadas mais baixas da população no mercado, sem profissionalização efetiva.
Com a aplicação do ensino à distância na rede pública de ensino, ocorre, também, o desemprego de uma série de trabalhadores e trabalhadoras das escolas públicas que ocupam os postos de zeladores(as), porteiros(as), merendeiros(as), e etc. Diante do atual cenário de crise econômica estrutural, isso seria trágico. Uma gama de indivíduos desempregados enfrentando uma recessão econômica do Capital.
O ensino à distância é desejo antigo da grande burguesia nacional, que há tempos vem desestruturando a educação pública do país. A falta de mobilização estudantil permite que estes ataques sucessivos à rede pública de ensino aumentem até chegarmos à destruição total dessa rede pública. Hoje, Bolsonaro ataca as universidades públicas. Há poucos dias, o governo anunciou o corte de bolsas do CNPq na área das Ciências Humanas até 2023 através de uma portaria do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, no dia 24 de março. O CNPq financiava 84 mil pesquisadores com as bolsas. Não houve, porém, mobilização efetiva dos estudantes e da esquerda contra esta medida esdrúxula, parece até que nada aconteceu. É preciso mobilizar os estudantes e lutar contra as medidas econômicas de arrocho do governo Bolsonaro. Por uma educação pública, totalmente gratuita e de qualidade!