Há três meses o Amazonas vive seu formato de “quarentena” ou isolamento social, como queiram. Esses dois termos estão 24h na imprensa burguesa e são repetidos tantas vezes a ponto de esconder a realidade por detrás da lição de “responsabilidade individual” que, segundo a burguesia, cada um deveria ter ante a pandemia de covid-19. Durante essas 3 semanas nada foi feito para ampliar o sistema público de saúde, tampouco para proteger seus trabalhadores. Para a população exposta diariamente aos riscos de contágio, apenas o “isolamento social” (#fiqueemcasa).
Por serem incapazes de fortalecer a proteção com políticas, por exemplo, de ocupação de empresas privadas para fabricação de equipamentos, distribuição gratuita de máscaras e alcool gel para a população ou ajuda financeira para o trabalhador autônomo, os governadores estaduais apostam todo o controle da doença em medidas de isolamento das pessoas, medidas que são insuficientes. Cria-se, então, um jogo capitalista em que quem tem mais pode mais. Quanto mais cheia a geladeira e maior a residência, maior o cumprimento da “responsabilidade individual” do cidadão à orientação do estado. Tal política revela o total desespero de todos os políticos burgueses. E, mais ainda, a incapacidade total e absoluta do atual sistema político em proteger o povo pobre e os trabalhadores diante de crises graves.
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), já avalia o chamado lockdown, ou seja, a quarentena total. Diante de um número crescente de casos de infectados por covid-19 e de ocupação de leitos do sistema de saúde e em saber o que fazer, o governador revela: “Estamos avaliando os números e, se a gente continuar numa evolução significativa, não vamos ter outra alternativa a não ser colocar todo mundo em quarentena, a aumentar as medidas restritivas.” Na última semana, segundo o governador, foram instalados 27 novos leitos de UTI em hospitais da capital amazonense e, apenas graças a isso, ainda não houve o colapso do sistema de saúde.
O governador Wilson Lima é responsável pelo caos que se encontra o estado do Amazonas e será responsável por toda morte de covid-19, que são causadas pela inércia do poder público. Não devemos confiar que governo burguês nenhum irá tomar qualquer medida efetiva para salvar a população de um enorme genocídio. A burguesia nunca teve, não tem e não é hoje que terá qualquer sentimento de pena ou clemência para com a maioria pobre da população. Eles só se importam com eles mesmos.
Claramente não houve a preparação necessária para a chegada da pandemia, porque esses governos burgueses não são “autorizados” por seus patrocinadores a tomar medidas contundentes, citadas no parágrafo 2 deste texto. Também não devemos esperar que haja qualquer mudança de atitude dos governadores de direita daqui para a frente. Eles só pensam em isolamento. Eles não conseguem pensar em desapropriação de fábricas ou em transferência de renda dos ricos para os pobres.
Com tudo isso, o que fazer? A denúncia e oposição incansáveis desses abutres canibais do povo que mentem para o povo propagandeando que o isolamento é a solução. Ou que 600 reais irão resolver a crise para os mais pobres. Também devemos pressionar a esquerda que elogia a esmola de 600 reais, que elogia medidas ditatoriais contra a liberdade do povo. Devemos politizar o povo e esclarecer que essa esquerda está indo cada vez mais para a direita na esperança de alianças eleitorais que mantenham seus políticos em cargos públicos para depois agirem como os direitistas querem.
É preciso lutar pelo Fora Bolsonaro já! É preciso uma verdadeira oposição aos políticos de direita que aguardam o povo morrer de doença e de fome enquanto salva a burguesia de “prejuízos” em seus negócios. Diante de um cenário em que a crise tende a se aprofundar, só o povo organizado em conselhos populares é capaz de reverter os ataques da direita contra a população.