Esta não é a primeira vez que aparece no Brasil e até mesmo campo da esquerda nacional o debate sobre a tese ridícula de não existem negros no Brasil ou não são maioria, mas sim os pardos. Nessa flexão de argumentos quase escolástica tenta se descaracteriza a luta do povo negro no brasil, ou seja, vislumbra se deslegitimar a luta da maioria absoluta da população brasileira, em apenas um jogo de palavras.
Mais uma vez tentaram se utilizar de argumentos supostamente científicos com apelo ao mapeamento genético utilizando o fato de “Em média, os brasileiros têm mais grupos genéticos do que qualquer outra população no mundo, o que atesta quão diversos e heterogêneos eles são” segundo o professor Eran Elhalk, para descaracterizar a identidade do povo negro e assim desqualifica sua luta. Ocorre que a definição da identidade negra ou de qualquer outra raça é um processo social, do ponto de vista biológico não existe raça na espécie homo sapiens, sua definição e identificação são puramente do ponto de vista social.
Face ao exposto não vamos nos aprofundar nessa discussão, temos apenas que esclarecer que essa tese que questionar a identidade do povo negro no Brasil, entre outras parecidas fazem os seus lastros no desejo da burguesia de que não haja luta do povo negro. Por isso em regra geral, não passam de pura propaganda da burguesia contra a constatação evidente do racismo no Brasil, ou seja são propaganda da absurda tese de que não existe racismo no Brasil.
Mas basta olhar ao seu redor, em qualquer volta pelo país e lá está o racismo presente, exacerbado nas desigualdades sociais e em todas as contradições sociais do país. Não é preciso entrar nos estudos (se assim podem ser chamados) aberrantes da direita para percebermos que em todos os aspectos aqueles identificados pela sociedades como negros, são os mais oprimidos e explorados na sociedade brasileira.
Esse tipo de propaganda também é usada numa tentativa de diminuir a influência externa da luta política do povo negro no exterior, principalmente no povo negro norte americano. Uma manobra da burguesia brasileira para diminuir a força dos exemplos de luta do povo negro.
É necessária a compreensão da necessidade de unidade do povo com a classe operária e sua independência ideológica da burguesia. Neste momento, mais do que em qualquer outro, face ao amplo ataque da direita golpista do governo Bolsonaro e a vacilação da esquerda, é necessária a unidade do povo negro com a classe operária para defesa dos seus interesses. A luta do povo negro está intimamente vinculada à luta da classe operária e apenas um estado operário poderá resolve a questão do povo negro.