Milhares de manifestantes se reuniram, desde as primeiras horas da manhã do dia 4, para o início das cerimônias fúnebres do general iraniano Qasem Soleimani, em Bagdá. No funeral, caminhando com a multidão, estava o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul-Mahdi, que qualificou de “mártires” os mortos do ataque ordenado por Donald Trump e classificado como “violação da soberania iraquiana”. Também participaram o ex-chefe do Governo do Iraque, Nouri al-Maliki, bem como o presidente das FMP, Faleh al-Fayad, e Hadi al-Amiri, líder da Organização Bader, um dos grupos mais poderosos dessa coalizão de milícias.
Soleimani, o arquiteto das intervenções iranianas em todo o Oriente Médio, juntamente com o comandante da milícia paramilitar xiita iraquiana – as Forças de Mobilização Popular (FMP), Abu Mahdi al Muhandis, e outros oito militares de ambos os países, foram assassinados na sexta-feira por um drone dos EUA, no aeroporto da capital do Iraque.
O cortejo que levava os caixões entrou em seguida na chamada zona verde, embora acompanhado apenas pelos representantes oficiais, enquanto a multidão permaneceu às portas desse bairro blindado, onde estão as principais instituições do Governo iraquiano e a Embaixada dos EUA. Agitando bandeiras dos partidos e grupos armados xiitas e vestidos de preto ou de cores escuras, os participantes do funeral marcharam pacificamente a partir do santuário de Kadhimiya, ao longo do rio Tigre, aos gritos de “vingança!” e “morte à América!”, relata a agência France Presse.
O Exército Iraniano, por sua vez, reagiu por meio de seu porta-voz Abolfazi Shekarchi, afirmando que não tomará nenhuma decisão precipitada, mas que sua vingança pelo assassinato de Soleimani “será cumprida” e será “dura”.
Do lado iraquiano, a sessão do parlamento que havia sido adiada para o dia de ontem (domingo), a fim de debater uma posição diante do atentado aprovou uma resolução que exige a retirada das tropas norte-americanas do País, o que deve tencionar ainda mais a situação na região.
Diante de todo o ocorrido, muitas conjecturas surgiram sobre o por quê de tudo isso. Mas, certamente, a influência política que o Irã adquiriu desde a sua revolução em 79, como resultado do agravamento da crise capitalista no pós segunda guerra mundial, e que fez com que crescesse o sentimento nacionalista na região contra a perniciosa interferência do imperialismo, um jugo pesado sobre todo o Oriente Médio, é o grande pano de fundo da situação que deve ser considerado. Esse fator, sem dúvida, é também o maior responsável pelo acirramento da luta de classes, uma crescente resistência alimentada pela política de dominação do imperialismo sobre os países da região, que já levou milhões à morte nas últimas décadas, e que agora tende a piorar ainda mais.