Na última semana, a imprensa burguesa tem relatado que o atual presidente nacional do Partido Social Liberal (PSL), o empresário Luciano Bivar, estaria disposto a apoiar a candidatura de João Campos (PSB-PE) à Prefeitura do Recife em 2020. Filho de Eduardo Campos, falecido em um acidente de avião em 2014, João Campos é a grande aposta do Partido Socialista Brasileiro (PSB) para a sucessão da prefeitura do Recife, que está sob controle da legenda há oito anos.
Atualmente, o PSB controla não só a Prefeitura do Recife, como também o governo do estado de Pernambuco, que passou às mãos do partido em 2007, com a vitória do próprio Eduardo Campos. Mesmo com uma base social bastante restrita, o PSB vem conseguindo se manter no poder porque formou uma frente ampla que permite sua sustentação, englobando desde partidos como o PT a partidos como o MDB.
Os governos do PSB não são nada diferente dos governos dos partidos dominados pelo “centrão”. No entanto, por meio de alguma demagogia com a esquerda, acabam por submeter as tendências à mobilização das organizações populares a seus interesses, sob a propaganda fajuta de que seria necessária uma “frente” – ampla, popular ou de esquerda – para o bem do povo.
Embora partidos como o PSB e o PDT sempre tenham levado adiante uma política bastante direitista – em Pernambuco, por exemplo, o PSB aprovou uma reforma da Previdência, apoiou o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e vem fortalecendo a Polícia Militar sistematicamente -, a aproximação de Luciano Bivar desmascara por completo a farsa da frente ampla. Afinal, Bivar foi um dos principais articuladores da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018 – foi ele quem o trouxe para o PSL e organizou o partido para se transformar na maior organização da extrema-direita nacional.
O caso pernambucano, no entanto, não é o único. Em três capitais nordestinas – Salvador, Fortaleza e São Luís -, o PDT deverá formar alianças com o DEM. Partido que abrigava os piores quadros da ditadura militar de 1964-1985, o DEM é um dos partidos mais importantes para a extrema-direita nacional, abrigando figuras como o fascista Ronaldo Caiado.
Os elementos direitistas que estão se aproximando de partidos que costumam constar nas “frentes amplas” comprovam o verdadeiro caráter dessas frentes: são iniciativas da burguesia para que o regime continue com o controle da situação, mesmo após o desgaste sofrido pelos partidos da direita com a aplicação da política neoliberal.