O líder do partido New British Union (Nova União Britânica) deu uma entrevista à agência russa RT, prometendo um ressurgimento do movimento fascista no Reino Unido. Fundado em 2012 por Gary Raikes, com o lema “Restaurando a fé no Fascismo”, o NBU não está registrado na Comissão Eleitoral britânica (órgão de regulamentação do processo eleitoral gerido pelos partidos) porém seu líder descreve a estratégia de desenvolvimento do partido como “por etapas”.
“Podemos nos aliar a partidos nacionalistas primeiro, antes de nos movermos para o pleno fascismo. Como muitas pessoas estão apáticas em relação à política e do jeito como as coisas vão no mundo, isto pode ser feito em dez anos.”
Citando a crise, Raikes avisa que
“conforme as coisas piorarem, e elas vão piorar, as pessoas se inclinarão ao fascismo e uma liderança forte.”
Para isso, o dirigente do movimento fascista lembra que cerca de 70% dos britânicos não votam, “cansadas do Lib-Lab-Con”, referência a alternância entre liberais, trabalhistas (Labours) e conservadores. As alternativas de direita surgidas na crise pós Grande Recessão (2008), UKIP e The Brexit Party “venderam falsas esperanças” segundo o fascista.
O nome do partido criado por Raikes busca resgatar a memória do antigo partido liderado por Oswald Mosley, União dos Fascistas Britânicos, que ameaçou repetir na Inglaterra e demais países do Reino Unido os feitos da extrema-direita italiana e alemã, sendo contudo barrados pela mobilização dos trabalhadores, com destaque para o episódio conhecido como “Batalha de Cable Street”. Mosley, por sinal, é referenciado como “O Líder” pelos membros.
O programa, sem nenhuma surpresa, é conhecido pelos brasileiros. A educação “terá que mudar devido à infiltração da agenda liberal. Escolas não tratam mais de ensinar e informar”. Jovens sem teto “aumentariam enormemente” os serviços armados. O serviço público de saúde (NHS) seria gerido “livre do peso da burocracia governamental, como as corporações nacionais.” O fascista destaca também que luta “pela minoria branca no mundo”.
Adotando o uniforme preto e a saudação romana, o NBU aparece como uma carta na manga da burguesia britânica, um expediente para lidar com o desenvolvimento da crise capitalista, que por sua vez, leva o fascismo se alastrar pelo mundo, embora entre os países centrais do conjunto das nações imperialistas, poucos lugares apresentem um movimento tão desenvolvido quanto Inglaterra e Alemanha, o que deve manter os partidos de esquerda e organizações de luta dos trabalhadores atentas dado a falência do regime democrático burguês não apenas nas periferias do capitalismo mas até mesmo nas principais nações do sistema.