Diante da crise econômica, a burguesia se decidiu pelo fim do isolamento social.
Exemplo mais claro disso ocorre em Niterói. Cidade que já foi considerada um exemplo de isolamento social, com taxas de 90%.
O acesso aos calçadões e às areias das praias começa a ser liberado nesta quinta-feira (21) em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. A cidade também dá início à reabertura parcial do comércio depois de 62 dias de medidas de isolamento social para conter a disseminação do novo coronavírus.
Diante do anúncio de afrouxamento das medidas restritivas em Niterói, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) instaurou um inquérito civil para apurar as condições do sistema de saúde e os resultados do isolamento social instituídos em Niterói que possam fundamentar decisão da prefeitura de agravamento, manutenção ou afrouxamento das restrições atuais.
Segundo o MPRJ, a taxa de ocupação dos leitos públicos na cidade alcançava o percentual de 80% e dos leitos de UTI na rede privada ultrapassava 90%.
Ou seja, não foram feitos investimentos na área de saúde suficientes para justificar um retorno do isolamento.
O debate em torno da defesa ou não da política de isolamento social e quarentena vem perdendo força entre os partidos da direita e a imprensa burguesa. Antes de explicar o porquê, é preciso fazer a ressalva de que essa diferença nunca passou de propaganda. A ala da direita golpista tradicional representada pelos governadores defende a quarentena apenas como uma única medida, quando na realidade não existe nenhuma política efetiva contra a pandemia.
Bolsonaro, com sua campanha contra o isolamento, apenas estava seguindo os interesses de sua base social de empresários que temem os prejuízos com a quarentena.
Os governadores da direita defensores da quarentena, além da propaganda, têm como objetivo organizar o caos que será inevitável com a pandemia. Grosso modo, é fazer com as pessoas morram em casa, evitando ao máximo a revolta que causará a superlotação dos leitos dos hospitais. Além disso, essa política de quarentena nunca serviu para a maior parte da população, que ainda está sendo obrigada a trabalhar nas fábricas, supermercados, construção civil, transporte etc.
Essa diferença, aparente na questão da quarentena, simplesmente não existe no que diz respeito às políticas de ataques aos trabalhadores. A direita de conjunto vem avançando sobre os direitos do povo. Um exemplo mais recente foi a aprovação da Medida Provisória que diminui salários, acaba com o 13º, institui a negociação individual trabalhador patrão, em suma, um gigantesco confisco das condições de vida da população.
Está claro pela política da burguesia que já há uma unidade sobre a necessidade de acabar com a quarentena, quando muito mantendo apenas como propaganda. Os grandes capitalistas já perceberam que não terão condições de manter essa política e irão tomar a decisão de deixar a população exposta à doença. Ou seja, acabou até mesmo a divergência superficial que se abriu sobre a questão do isolamento social.