Se a crise política já dirigia as relações israelenses em torno de uma união, a pandemia de covid-19 tratou de selar os acordos. Para evitar que o país organize uma quarta eleição em agosto, a direita dá a cartada e reagrupa em torno de si forças da oposição. De acordo com comunicado conjunto divulgado pelos dois rivais: “Um acordo para o estabelecimento de um governo nacional de emergência está sendo assinado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (Likud) e pelo presidente da aliança Azul e Branco, Benny Gantz”
Para conseguir o ‘establishment’ e a manutenção do domínio da direita sob o Estado, é preciso uma união que garanta a estabilidade do governo israelense. O fato consuma-se, porém, com ao menos 61 cadeiras no Parlamento. É comum, no entanto, coalizões com legendas menores. Na última eleição, por exemplo, o partido de Netanyahu, o Likud, conseguiu 36 cadeiras; enquanto a coligação Azul e Branco de Gantz, 33.
Gantz fora eleito presidente do Knesset (parlamento israelense) no final de março. Desde então, tem procurado se aproximar de Netanyahu. Essa aproximação, por sua vez, levou ao desmembramento da aliança Azul e Branco, que passou a contar com apenas 15 deputados. Além do partido de Netanyahu (Likud) e da Aliança Azul e Branco composta pelo Partido de Gantz (Resiliência de Israel), o Yesh Atid e o Telem, o novo governo deverá agregar as legendas Shas, Judaísmo Unido da Torá e até mesmo o Partido Trabalhista.
Embora seja uma grande farsa, Gantz, ex-general isralelense, é apresentado internacionalmente como mais moderado que Netanyahu, o que o levou a ter o apoio da esquerda nas últimas eleições. No entanto, a situação se aprofundou ainda mais, já que, agora, a notícia dá conta de que esse novo governo vai contar com o Partido Trabalhista. Essa, portanto, não passa de uma versão israelense da “união nacional” com o próprio Bolsonaro deles no governo. Como sempre, tudo em nome da unidade para combater a crise.