O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), sancionou ontem (08) a lei 11904, que estipula que em concursos que ocorram nesse estado terão cotas de 17% para negros, algo abaixo até mesmo da lei 12990/2014, que estipula 20% de vagas destinadas para negros em concursos estaduais.
Importante termos em mente que cerca de 57% da população capixaba é negra.
O PSB é um dos componentes do famoso “centrão”, um daqueles partidos que apesar da política claramente direitista, é enxergado pela esquerda como algo próximo da esquerda, sendo até mesmo convidado para compor alianças acreditando receber seu apoio em momentos importantes. Foi o caso do golpe contra Dilma Roussef, quando o PSB foi capaz de até mesmo emitir uma nota de apoio ao golpe de 2016 e três anos depois ser convidado pelo PSOL e PT para compor a Frente Ampla Parlamentar.
Se tratando de Renato Casagrande, o problema se torna mais latente ainda. Nem mesmo o cínico apoio do PSB a Fernando Haddad no segundo turno das eleições de 2018 foi suficiente para o governador, de modo que na época o mesmo declarou-se “neutro” a respeito da disputa e meses depois afirmou estar satisfeito com a pasta econômica de Bolsonaro.
Na verdade a política de Renato Casagrande como de muitos outros governadores, inclusive oriundos de partidos de esquerda, não cessa o ataque à população negra e pobre, tendo um verniz democrático que não se sustenta por muito tempo. Esta lei sancionada abre precedente para mais um direito da população negra ser espremido. O aprofundamento da política iniciada no golpe de 2016 e na farsa eleitoral de 2018 vem mostrado cada vez mais nitidamente os elementos intencionados com os ataques à população negra e pobre e assim evidenciado que a via parlamentar, adotada pela esquerda pequeno-burguesa, é na verdade um obstáculo, cabendo apenas a agitação das massas como meio de manter os direitos conquistados outrora e derrubar a o regime fraudulento.