Como de costume nesta época do ano, o Estado de Santa Catarina sofre com as várias enchentes que tomam conta da região durante todo o verão. Muitas entraram para a história graças à brutal onda de devastação e mortes, contudo, mesmo com tamanho histórico, a burguesia local não dá sequer um passo na proteção efetiva da população.
Nesta última semana, um novo evento atingiu diversas cidades do Estado, com destaque especial, e já rotineiro, para as cidades do Vale do Itajaí, na região norte. Dentre as mais afetadas, a cidade de Presidente Getúlio , localizada a cerca de 90 km de Blumenau, foi onde a maior onda de estragos e mortes foi registrada.
As tempestades que tomaram conta do Estado na quarta e quinta-feira foram responsáveis por causar uma forte enchente, e matar apenas em Presidente Getúlio, 12 pessoas, sendo que outras seis encontram-se desaparecidas, 147 desabrigadas e 137 desalojadas.
Antes (Presidente Getúlio)
Depois (Presidente Getúlio)
Um verdadeiro caos tomou conta da cidade, que até o momento procura por desaparecidos. No restante do estado, outros mortos foram registrados, totalizando 15 até o fechamento desta edição.
Outras cidades fortemente atingidas foram Rio do Sul e Ibirama, já outras dezenas registraram alagamentos
Em meio a toda esta onda de destruição, locais para abrigo foram formados e em grande medida organizado pelos próprios moradores em escolas, como na escola Tancredo Neves em Presidente Getúlio.
Contudo, enquanto os trabalhadores, em plena crise do coronavírus, que aumenta exponencialmente no estado, tentam superar a enchente, os governos locais, e principalmente, o governo estadual, nada fazem para resolver o problema.
Onde está o governador?
O atual governador, Carlos Moisés, passeou de helicóptero junto a Jair Bolsonaro enquanto o povo buscava resgatar o que restava de suas casas. Seja o governador ou o presidente fascistas, ambos eleitos pelo PSL e das forças armadas, de nada fizeram.
Até o momento, Carlos Moisés sequer anunciou alguma medida de contenção desta crise, onde cidades inteiras foram devastadas. O governador, que sequer tem uma política real contra a pandemia, que já matou mais de 4.500 pessoas no estado, ainda lançou-se em uma forte campanha pela reabertura, anunciando por decreto a volta das casas noturnas, locais para eventos, museus, etc.
Enquanto os capitalistas se preparam para arrancar algum lucro da temporada de verão, responsável em tempos normais por atrair milhares de pessoas ao estado, o povo é deixado para morrer trabalhando na pandemia, e ainda viver desabrigado.
Um ponto importante a ser relembrado é que a defesa dos trabalhadores contra estas catástrofes, já conhecidas em diversas regiões de Santa Catarina, é proposta clássica de diversos candidatos burgueses. O fato de serem recorrentes está na memória da população, no entanto, os projetos nunca saem do papel, e por décadas a população catarinense vem sofrendo.
Histórico de catástrofes
Vale lembrar que em 2008, uma das maiores enchentes da história ocorreu em Santa Catarina, matando 135 pessoas no Estado. Cidades da mesma região do Vale do Itajaí, ficaram completamente embaixo d’água, e o próprio porto de Itajaí, um dos principais do País, ficou completamente paralisado.
Na época, o número de desabrigados ou desalojados subiu para 78 mil em todo o estado. Isso se não citarmos as enchentes de 1983, que colocaram 50% da área urbana de Blumenau embaixo d’água e, de acordo com a própria imprensa burguesa, desabrigaram até 200 mil pessoas, em 135 municípios.
A falta de comida, água potável e comunicações telefônicas chegou para 700 mil pessoas em toda Santa Catarina. Com todo este histórico, seria mais do que natural que medidas fossem tomadas para ao menos evitar novas catástrofes.
O que acontece em Santa Catarina é um reflexo da política burguesa em todo o País. A pandemia já demonstrou com clareza que a burguesia golpista não tem interesse nenhum em defender os interesses da população. Muito pelo contrário, “morra quem morrer”, o que vem em primeiro lugar é a sobrevivência dos capitalistas em meio a crise.
Seja para combater a crise da pandemia ou qualquer outro ataque, é necessário organizar os trabalhadores e mobilizar para derrotar o golpe. Nada podemos esperar daqueles que permitiram com que quase 200 mil pessoas morressem pela pandemia.