Uma pesquisa da Associação Comercia e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP), feita nos dias 14 e 15 de maio com preenchimento de formulários entre os empresários e comerciantes da cidade, confirmou que está havendo demissões em massa durante o período da pandemia do Covid-19.
Daqueles que afirmaram que foram obrigados pela crise a demitir, 25% dispensaram mais de 30 funcionários. Cerca de 40% da totalidade das empresas realizaram demissões. Os empresários relatam dificuldades em conseguir empréstimos bancários para pagamento de salários e manutenção do capital de giro.
Quando não foram lançados na rua, os trabalhadores tiveram que aceitar reduções salariais, redução na jornada de trabalho ou concessão de férias. As entidades patronais realizaram acordos com os sindicatos.
O levantamento mostra que 90% dos comerciantes experimentaram redução nas vendas e 54,9% registaram inadimplência dos clientes. Desde o dia 23 de março, o município permite somente a abertura de serviços considerados como “essenciais” e algumas atividades não essenciais no sistema de e entregas.
As demissões realizadas no momento crítico da pandemia são reveladoras da percepção que a burguesia em seu conjunto tem sobre os trabalhadores e suas vidas. Estes são mercadorias descartáveis, lançados no olho da rua para adoecer e morrer.
O desemprego atinge em cheio os trabalhadores e suas famílias. Não é possível se proteger da pandemia sem uma fonte de renda. Como não há distribuição dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) pelos governos, a população tem que comprar nas farmácias e pagar o preço estipulado pelos especuladores. Os gastos com alimentação e todas as necessidades básicas continuam a ocorrer, enquanto em plena pandemia verifica-se o aumento do custo de vida.
O governo Jair Bolsonaro e os governos estaduais e municipais de direita não fazem nada de efetivo para combater o problema do desemprego e da miséria crescente. O mínimo que se poderia fazer neste contexto é editar normas que proíbam as demissões e colocar em prática um plano de auxílio à população, que deve ir muito além da distribuição de uma esmola de R$ 600,00 que nem sequer cobre os custos de sobrevivência.
Os governos burgueses e a própria burguesia como classe não têm qualquer preocupação com a condição de vida da classe trabalhadora e tampouco com pandemia que se alastra e já causou 246 mil infecções e 16.370 mortes. A burguesia e setores da classe média conseguem adquirir os meios de se proteger da pandemia. Diferentemente da população pobre, que está submetida ao desemprego, vive a ameaça da fome, não tem como adquirir os EPIs necessários para a proteção e pode morrer nas filas dos hospitais públicos. Além disso, há a ação repressiva da Polícia Militar nas periferias urbanas.