Em todo o País são centenas de professores mortos pela covid-19. Alguns já no começo da pandemia por conta da demora na suspensão das aulas nas escolas de muitas das redes de Educação, evidenciando que a política criminosa dos governos e da venal imprensa capitalista que alimentaram a campanha mentirosa de que não havia riscos para o Brasil, que se tratava apenas de uma “gripezinha” etc., que semeou confusão entre a população, inclusive, entre muitos educadores.
Depois veio a falta de qualquer iniciativa efetiva no sentido de combater a pandemia. Enquanto aprovaram bilhões em recursos para “socorrer” os bancos e grandes capitalistas, os governos golpistas estabeleciam misérias para a maioria da população, exclusão de milhões até mesmo do auxílio-esmola de R$ 600 (menor até do que o valor pago em países muito mais pobres, como a República Dominicana) e ainda tiraram proveito para aprovar medidas de ataque aos trabalhadores, permitindo demissões e congelamento dos salários dos servidores públicos (como os nossos, congelados há vários anos) até 2021.
Mesmo entre os docentes, milhares ficaram desempregados (“sem aula”), sem salários, sem ter como sustentar suas famílias.
Para o povo em geral, nada de testes em massa, nada de pesados investimentos na Saúde, nada de milhares de novas contratações, nada de melhorias nos salários e condições de trabalho dos servidores da Saúde (muitos dos quais condenados a trabalhar sem os devidos equipamentos de proteção e segurança).
Cinicamente, governos campeões mundiais em destruição da Educação e do serviço público, como os do PSDB em SP, tentaram se apresentar como defensores do SUS e fazer exclusivamente a pregação do “fique em casa”, como se essa única medida fosse capaz de impedir o avanço da pandemia.
Agora, juntos com Bolsonaro, se apressam em falar de retomada, reabertura, reabrir até as Escolas, quando estamos a caminho do pico da epidemia que pode levar nosso País, a ter mais de 100 mil mortos.
Enquanto esses governos da direita organizam o genocídio, deixam o povo morrer e fingem que estão agindo, fazem a mesma coisa na Educação. Não organizaram nada, não fizeram investimentos, não adotaram medidas preparatórias e agora, encenam a farsa do Ensino à Distância (EaD), na verdade, um plano de “Enrolação à Distância”, no qual mais uma vez procuram descarregar a responsabilidade nas costas dos professores.
Pior ainda, da mesma forma que usam a pandemia para promover um gigantesco roubo dos trabalhadores em favor das empresas capitalistas, os inimigos do ensino público, usam a situação para buscar condições para uma nova ofensiva, impondo o EaD amplamente, a fim de economizar recursos, cortar gastos com a Educação, impor uma maior privatização da Educação etc.
Querem seguir o exemplo do que fizeram em New Orleans (EUA), após a devastação provocada pelo Katrina, quando os neoliberais e os tubarões capitalistas aproveitaram para privatizar todo o sistema educacional destruído pelo furação. Como fazem agora, chamaram isso de “modernização”, de “oportunidade” e impuseram um retrocesso que como destaca o educador Tom Ulticam, professor aposentado de física e matemática avançada, que tornou-se um estudioso do movimento de privatização:
“No entanto, a realidade é que as escolas de Nova Orleans são ineficientes, comprometem as comunidades, têm custos extremamente altos de gerenciamento e transporte e ainda estão lutando para melhorar academicamente. Eles são um exemplo triste, mas típico, de reforma educacional baseada no mercado.”
Rendemos nossas homenagens às centenas de educadores mortos em todo o País (alguns deles lembrados em imagens abaixo), mas chamamos a debater a situação em todos os lugares. A necessidade de organizar a mobilização em defesa das reivindicações de nossa categoria e de todo o povo, superando a paralisia da maioria da esquerda e das direções sindicais que – em muitos casos – paralisaram suas atividades, fecharam os sindicatos, se colocaram em “quarentena” total, abandonando os trabalhadores quando estes mais precisam de suas organizações de luta.
Aprendamos a lição de luta dos negros e do povo norte-americano, da mobilização popular que começa a se expandir também no Brasil e, com as devidas medidas de proteção, já testada e aprovadas, vamos à luta.
Ao contrário de se perder sobre um falso debate e medidas enganosas em relação ao ensino pós-pandemia, controlado pelos inimigos da Educação e aliados, nosso papel como educadores classistas, é impulsionar – junto com o povo pobre e trabalhador – a luta em defesa da vida da população, para o que é necessário se livrar dos governos genocidas, bem como por mudanças profundas na próxima etapa imediata, tais como: drástica redução do números de alunos por sala de aula (máximos de 25); instalação de equipamentos de higiene e proteção em todos os locais da escola (como elementares pias – com sabão – para lavagem das mão, recipientes com álcool em gel em todas salas, etc. contratação em massa de funcionários para limpeza e segurança nas escolas e de milhares de novos professores; “descongelamento” dos salários e reposição das perdas salariais; distribuição pelo Estado de equipamentos de informática e internet gratuita para todos os professore e alunos; distribuição de máscaras e outros equipamentos de proteção individual para professores e alunos etc.
Essas e outras medidas não serão conquistadas por meio de conversas, discursos parlamentares e inúteis ações jo judiciário golpista. O caminho é o da. luta na ruas, com as devidas medidas de precaução.
Os educadores, junto com a juventude e todos os trabalhadores, são chamados a uma nova aula, a uma nova luta, a fazer história por meio da sua mobilização.
Abaixo a farsa do EaD. Em defesa do ensino público, presencial, de qualidade e gratuito para todos, em todos os níveis.
Fora Bolsonaro e todos os golpistas
Em nome deles, lembramos a todos os professores falecidos: