O diretor da Unesp de Araraquara, Cláudio Cesar de Paiva, concedeu uma entrevista na qual deixa claro que utilizou e pediu os dados fornecidos pelos alunos da universidade que moram na moradia da universidade para posteriormente processar ou expulsar os alunos que ali vivem.
Na entrevista concedida ao diário RCIA de Araraquara, o diretor disse que até antes da pandemia não tinha o conhecimento dos nomes de alunos que estariam irregularmente vivendo no local, mas agora, depois de ter solicitado os nomes e documentos dos alunos que permaneceram ali durante a pandemia, sabe os nomes dos alunos que supostamente estão irregulares.
Os próprios estudantes ficaram com medo de passar seus dados para a diretoria, pois sabiam que dali poderiam vir represálias por parte da burocracia estatal, porém, muitos acabaram passando seus dados para que pudessem receber os testes do coronavírus e demais ajudas prometidas pela universidade.
O processo burocrático para conseguir uma vaga regular na moradia da Unesp é complicado e nunca contempla totalmente os alunos necessitados, fazendo com que os próprios estudantes se organizem na moradia e permitam que outros alunos mais carentes que não conseguiram passar no processo seletivo fiquem no local.
Esse processo, inclusive, é bem mais democrático e pautado na realidade do que o longo, cansativo e injusto processo burocrático realizado pela instituição, já que são os próprios alunos da entidade que o realizam.
Além de ameaçar os alunos, o diretor também disse inverdades sobre a realidade da moradia, dizendo que ele tem conhecimento de que visitas de fora continuam entrando no local e que os alunos “não teriam consciência” dos perigos do coronavírus. Os comentários maldosos e mentirosos são na verdade uma tentativa de julgar moralmente (baseado na mentira de que continuam acontecendo visitas) os alunos, para que eles sejam vistos de maneira negativa pela população, o que possibilitaria as represálias posteriores aos alunos considerados irregulares pela instituição.
Em outra matéria, a secretária de saúde Eliana Honain também disse inverdades sobre os alunos, dizendo que eles vivem em 5 onde deveriam viver 2 e que estão todos irregulares, sendo que a moradia está bem esvaziada durante a pandemia e nem mesmo durante as aulas houve esse número de moradoras. A secretária também reclamou justamente da “gestão própria” dos alunos.
A atitude do diretor demonstra como as instituições não estão preocupadas com a população no Brasil durante a pandemia e que, na verdade, se utilizam do período para perseguir os mais pobres e os que mais necessita,m. Os alunos da Unesp têm de se mobilizar e impedir qualquer tentativa de despejo ou de perseguição por parte da diretoria da universidade. A moradia da Unesp de Araraquara deve ser gerida diretamente pelos alunos que ali vivem.