Em meio à pandemia, a imprensa burguesa traz em suas matérias as mais diversas justificativas para tratar o genocídio contra o povo como algo secundário. Um dos esforços mais recentes giraram em torno da necessidade ou não de medicamentos para combater o vírus.
O debate é trazido pela imprensa como uma resposta à polêmica envolvendo a cloroquina, levantada pela extrema-direita como a solução dos problemas. Em contraposição, a imprensa burguesa coloca que “independente da medicação, 80% dos casos vão se curar”, seguindo as “orientações” de “profissionais” na área.
Primeiramente, este debate técnico em torno do coronavírus é, como na maioria dos casos, algo inócuo, secundário dado o fato de que todas as medidas tomadas levam em consideração uma orientação política, e não meramente a “ciência” como colocam.
Logo, trazer em discussão se a população tem uma taxa de cura superior ao número de mortos, independente da resposta, não tem finalidade alguma a não ser desviar do ponto principal. Dessa forma, a imprensa abre discussão em volta de sua própria “cloroquina”, ou seja, um espantalho na discussão para desviar-se do fator primordial: não há testes, não há proteção aos trabalhadores e sequer há uma verdadeira tentativa de produzir uma vacina por parte do governo.
Todo este malabarismo “técnico” servirá apenas para esta finalidade. Fato é que, além desta questão, tais números levantados pela imprensa estão longe de serem um dado positivo, como buscam colocar, mas sim um reflexo da realidade macabra que enfrenta a população brasileira.
Levando em consideração que estes dados são verdadeiros, isso significaria que, em paralelo ao fato de 80% da população sobreviver sem muitos recursos, os 20% restantes, ou seja, 22 milhões de pessoas no país, ficarão em estado grave. Caso, no mínimo metade destes morrerem ou ficarem sequelados, isso significaria que 11 milhões de pessoas fariam parte das cifras deste genocídio.
As teorias são vastas, os “milagres” são apresentados a todo momento, porém, o governo Bolsonaro e toda a burguesia brasileira sequer dão indícios de interessar-se pela sobrevivência da população.