Depois das eleições encerradas, um conjunto de questões apareceram durante a última semana, todas elas foram abordadas na análise política da semana do último sábado. A análise política da semana é apresentada todos os sábados pelo companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO. O programa já está no ar há mais de sete anos, e toda semana trás para o público os temas mais relevantes da política nacional e internacional. Confira abaixo um resumo dos principais pontos abordados.
Coronavírus: Brasil, o país “milagroso”
O Brasil é um país “milagroso”, ironicamente falando, durante o período anterior às eleições o coronavírus saiu de cena, e, durante toda a campanha eleitoral ninguém tratou do assunto, nem mesmo os candidatos da esquerda. Era como se a pandemia e as milhares de mortes no país não existissem. Passada as eleições, “coincidentemente”, os casos de coronavírus voltam a crescer. Bruno Covas, o golpista reeleito à prefeitura da cidade de São Paulo, anunciou a volta do fechamento da cidade um dia após o resultado das eleições municipais. Ficou claro que, o que temos diante da gente é uma manipulação grotesca e criminosa da pandemia, com objetivos eleitorais.
A frente ampla entre a esquerda e a direita nas eleições
O que prevaleceu durante toda a campanha eleitoral municipal de 2020 foi uma frente ampla entre a esquerda e a direita que dizia que, não sendo Bolsonaro se poderia apoiar qualquer política da direita, pelo seu caráter mais progressista, E foi essa consideração que levou a esquerda a apoiar um candidato do DEM à prefeitura do Rio de Janeiro. De modo geral, essa política induziu vários setores da esquerda pequeno burguesa a votar em candidatos de direita, a pretexto de combater o bolsonarismo nas eleições.
A população está pagando caro por manobras políticas para regenerar pessoas que fazem parte do esquema político inimigo do povo brasileiro, a esquerda não se manifesta, pois não possuem nenhum programa de reivindicações democráticas, falam em democracia mas não tem nenhuma proposta para tornar o regime mais democrático e aberto ao controle popular. Pelo contrário, para a esquerda pequeno burguesa é só concorrer às eleições mesmo sendo estas antidemocráticas e fraudadas.
Um novo golpe e a esquerda apêndice de direita
Mal terminada as eleições a burguesia já prepara um novo golpe de estado. Foi levado ao TSE uma proposta de reeleição para o comando da câmara e senado. Essa manobra é vetada pela constituição, mas aqui no Brasil, é o STF quem faz a constituição. A direita tradicional com com o STF procuram manter a política nacional sob controle. E qual a posição da esquerda pequeno burguesa sobre o que está acontecendo no congresso nacional: não existe.
O importante aqui é ressaltar que o que está acontecendo é um novo golpe. O golpe de 2016 vem sendo sustentado por novos golpes no regime político. Permitir que um grupo político passe por cima da constituição para se manter no poder, é um golpe de estado. E não será sem consequências. A cada movimento da direita que passa por cima da legislação, vão sendo destruídos todos os direitos políticos da população e levando o país para a ditadura.
Um motivo do porquê a esquerda não vai denunciar? Pois estão se preparando para apoiar Rodrigo Maia no congresso. Sob qual pretexto? Vão fazer de conta que estão sendo obrigados a apoiar a direita em todos os lugares para impedir o bolsonarismo. A esquerda pequeno burguesa se tornou um apêndice da direita.
Balanço eleitoral das eleições municipais de 2020
O resultado das eleições mostrou o completo colapso político das ilusões da esquerda pequeno burguesa. Psol, amplos setores do PT, PCdoB, etc, procuraram apontar que a eleição municipal era o caminho da salvação. O que não faz sentido nenhum, uma vez que as eleições se deram no marco da legislação e da situação política totalmente controlada pela direita.
A esquerda não teve nenhum resultado positivo, o que era de se esperar. Se a esquerda fosse mais realista, teria dito claramente que não teriam votos e se proposto a denunciar o golpe, a extrema-direita etc. No fim, o que aconteceu foi que procuraram se apresentar com face direitista em vários lugares, como com uma candidata policial militar na Bahia. Abandonaram reivindicações, inclusive o “Fora Bolsonaro” e apresentaram uma política circense (como Boulos que propôs contratar mais GCM e colocá-los nas periferias), se reuniram com empresários, como por exemplo Boulos, que recebeu apoio de parcela de especuladores que o consideraram bom para o mercado financeiro.
Durante a campanha a esquerda não usou vermelho, pois segundo a lógica pequeno burguesa, a forma mais eficiente de derrotar o fascismo é se parecer com os fascistas. Essa política só fez retroceder a consciência de inúmeras pessoas para ficar a reboque da burguesia. Uma total capitulação diante da direita que deu o golpe em 2016 e colocou Bolsonaro no poder.
A questão Lula e sua candidatura em 2022
Desde o golpe de estado de 2016 a burguesia compreendeu que para consolidar o golpe é preciso tirar Lula do cenário político. Foi daí que vieram os processos farsescos da lava jato, que uma parte da esquerda, como o Psol, apoiou. Lula foi condenado e o objetivo era impedi-lo de participar das eleições de 2018. O problema Lula é um problema central na situação política brasileira.
Saímos das eleições municipais e a burguesia já começou a disseminar que a eleição teve como resultado uma rejeição a Lula, isso é bobagem. Enquanto a burguesia faz propaganda de que Lula está morto, ultrapassado, etc, as próprias pesquisas da burguesia mostram que a única pessoa que pode concorrer contra Bolsonaro é Lula.
Não é segredo que a burguesia quer escolher sempre tanto o candidato oficial como o de oposição (vide o caso de São Paulo nesta eleição municipal). Todo brasileiro que considera que devemos lutar para que os direitos da população sejam garantidos, devem considerar que se nas eleições de 2022 Lula não puder ser candidato, é mais um golpe de estado.
Gostando ou não de Lula, sendo de esquerda, esse problema diz respeito a você. A burguesia que impedir que o candidato mais popular concorra às eleições, não devemos ignorar esse problema.
Isso não define apenas os candidatos, mas todo o regime político. Ou se é a favor dos direitos democráticos do povo ou se é a favor do golpe. Votas ninguém tem obrigação de votar em Lula cada um tem seu partido e candidato, mas a questão é: Lula tem direito de ser candidato? Não é necessário apoiar Lula, apenas o seu direito.