O surto do Coronavirus tem criado todo um alarmismo e preocupações quanto a uma possível ameaça de pandemia global. O vírus, que foi identificado por pesquisadores chineses como 2019-nCoV, tem se espalhado pela China e por países vizinhos desde o começo de dezembro passado, tendo sido divulgados dados pela OMS da morte de 170 pessoas e quase 8 mil infestados. A disseminação ocorre pelo ar, assim como o H1N1 e demais gripes, e teria como principais sintomas a insuficiência respiratória e, em casos mais graves, insuficiência renal.
A OMS (Organização Mundial de Saúde), órgão da ONU para os assuntos de saúde, com sede em Genebra, divulgou em reunião nesta quinta (30/01), que avalia ativar o Alerta de Saúde Internacional, estaria preparando um plano global de atuação contra a disseminação do vírus, tendo como pontos principais dotar os países de meios para detectar, isolar, cuidar de pacientes e realizar reportes, lutar contra a desinformação, criar uma rede global de cientistas, desenvolver uma vacina contra o vírus, criar tratamentos, métodos e equipamentos de diagnóstico.
Entretanto, apesar das informações oficiais quererem passar um tom de preocupação com a população, na prática a situação é diferente, como tem relatado moradores das áreas afetadas na China. A população da cidade de Wuhan, por exemplo, citada como origem da propagação do vírus, está enfrentando um clima “fim do mundo” em que as pessoas estão sendo mantidas confinadas e isoladas dentro de casa por vários dias, enfrentando crises de abastecimento em feiras, supermercados e farmácias, e oficialmente impedidas de deixar determinadas regiões e deixar o país, como é o caso das fronteiras da China com a Rússia e Mongólia que foram fechadas e os vários cancelamentos de vôos. Métodos estes que a intensa propaganda midiática quer fazer parecer como as únicas formas de se combater o vírus, métodos que são fundamentalmente de supressão das liberdades individuais, direitos fundamentais e essenciais de qualquer cidadão. O governo chinês disse estar monitorando cerca de 100 mil pessoas na província de Hubei, por estarem sob a possibilidade de estarem infectadas. Porém, o dito monitoramento se apoia somente no confinamento da população, o que não diminui essencialmente os riscos de contaminação, principalmente para estas pessoas que estão sitiadas.
Aproveitando a propagação do vírus, assim como foi no caso de outras doenças como o SARS e o MERS ocorridos nas duas últimas décadas, a grande imprensa imperialista internacional tem aproveitado para realizar uma intensa campanha difamatória da China. O país que é hoje a 2ª economia mais importante do mundo, atrai milhões de visitantes todos os anos, seja a lazer ou a negócios, haja vista empresas de todo o mundo estarem instaladas no país, bem como tem atraído um número cada vez maior de imigrantes e pessoas interessadas no estudo da cultura e da língua chinesa, por exemplo. A rápida propagação da campanha sobre o surto no país mostra que as intenções vão além da preocupação com a saúde, pois todos os estudos sobre o vírus são prematuros e não dão conclusões sobre origem, reprodução e propagação, a própria OMS reconheceu que o vírus aparentemente se propaga de forma mais rápida do que o SARS, mas que possui potencial de letalidade inferior (menos de 2% dos infectados), dados que possuem como base a ação do vírus sobre a população somente. Outro aspecto são as teses sobre a possível origem do vírus, a qual teria surgido pelo consumo de um animal selvagem, adquiridos num dos mercados/feiras da cidade, a tese seria embasada na semelhança do vírus 2019-nCoV com os vírus da SARS encontrados em morcegos. Afirmam ainda, que o consumo desses animais silvestres, como morcegos, cobras e roedores o que seria devido ao povo estar morrendo de fome. O que de fato, faz parte da campanha difamatória, pois, apesar das extrema pobreza marcante em diversas regiões do país, principalmente na zona rural, trata-se de um elemento da cultura do país, que possui uma população gigantesca e proporcionalmente poucas terras férteis.
Os próprios pesquisadores chineses, entre eles da universidade de Shandong, não deixam claras as origens, afirmam ser cedo para conclusões e haver várias divergências nas primeiras teses.
Mesmo com as advertências dos pesquisadores, as agências de notícias internacionais criam um verdadeiro clima apocalíptico sobre o vírus, o que afeta diretamente, primeiro a população chinesa que está acuada por esta campanha, em seguida a economia chinesa, pois nas últimas semanas são inúmeras as fábricas paradas, lojas, transporte e até, o comércio virtual tem sido paralisado.
Entretanto, apesar da campanha difamatória e focada na China, a realidade é que o sistema capitalista está num estágio de degradação tal, que não consegue fornecer condições mínimas de sobrevivência da população pelo mundo. Doenças como a SARS, MERS, H1N1 e agora o Coronavirus, mostram que não há mecanismos básicos para erradicação de doenças que são, na verdade, comuns desde a Antiguidade. O surto de pestes que se transformaram em epidemias globais são milenares, como a varíola, febre amarela, peste bubônica, peste negra, entre outras, mostram que o sistema capitalista nada fez para melhorar as condições de vida da população e, por conseguinte, estarem livres destas doenças.
A campanha visa encobrir a decadência do sistema, tentando mostrar que a doença possui uma origem localizada, e até proveniente de uma cultura atrasada, que no caso seria a chinesa. O que é logicamente uma falácia monumental pois, os ditos países desenvolvidos não apresentam nenhuma defesa especial à sua população a qual é tratada de forma reativa, da mesma forma que a China tem feito com seus cidadãos e outros países.
Pelo contrário, o que os monopólios capitalistas dos países desenvolvidos têm a oferecer aos países de capitalismo atrasado são drogas meticulosamente desenvolvidas em laboratório para serem vendidas a peso de ouro, principalmente em momento de “surtos” como este, a governos dos países afetados, como tábua de salvação. Estes conglomerados da indústria farmacêutica atuam inclusive em total parceria com autoridades da OMS para, praticamente, impor o uso destas drogas de forma mais ampla possível, ainda mais num país de população gigantesca como a China.
Assim, é essencial que a população tanto da China como de todo o mundo não caia na intensa campanha da imprensa que amplia o clima de medo e insegurança, inclusive até para quem está muito longe da China, como o interior do Brasil, e difamatória contra o povo chinês, o qual é vítima da intensa pressão do imperialismo, e principalmente num momento em que poucas informações concretas estão disponíveis. É exatamente neste clima de medo generalizado que os tubarões de Wall Street aproveitam para abocanhar lucros incríveis, ao custo do pânico generalizado, bem como a indústria farmacêutica consegue vender estoques gigantescos que, inclusive, posteriormente com maiores estudos podem se mostrar ineficazes ou até danosos à saúde.