Marcelo Crivella, o prefeito direitista da cidade do Rio de Janeiro, decidiu que os blocos de carnaval de rua na cidade serão censurados. Após a polícia do estado dispersar de forma violenta o Bloco da Favorita no último domingo, em Copacabana, a ordem agora é impedir que mais de um megabloco aconteça em cada região da cidade. Ontem o governante teve reunião com os presidentes das associações de moradores dos bairros da zona sul da cidade. Em seguida definiu que vai revisar toda a agenda dos blocos na cidade maravilhosa.
A atitude tomada pelo direitista tem o objetivo claro de impedir que grandes manifestações aconteçam de forma natural. Uma vez que a população se sente todos os dias assaltada e humilhada pela burguesia, não é difícil que qualquer grito de ordem – dirigido contra os representantes desta – lançado por um pequeno grupo de pessoas ecoe de forma espontânea na multidão. Isso porque o carnaval nada mais é que uma festa do povo. Ainda que tenha origens religiosas, no Brasil sempre tomou forma de uma expressão popular autêntica e já no ano passado foi responsável por caracterizar a revolta contra Bolsonaro
Agora Crivella temendo que o mesmo aconteça consigo, resolve desarticular – seja na bala, na bomba ou na lei – qualquer forma de manifestação contra os golpistas. Além disso, tenta traçar uma estratégia para silenciar a população e impedir que a favela desça do morro para incomodar os sensíveis ouvidos burgueses da zona sul. Enquanto isso, o povo esfolado pelo golpe busca através da cultura expressar seu ódio conta a ditadura da classe dominante.
O prefeito afirma que essa censura é necessária para “evitar violência, depredação e distúrbios em áreas residenciais”, ou seja, para barrar o desenvolvimento espontâneo da revolta dos trabalhadores. Se mesmo em um contexto festivo a direita não aceita a liberdade de expressão é só mais uma prova do regime ditatorial que foi implantado desde o golpe de 2016 que destituiu a ex-presidenta Dilma.
Assim a burguesia procura se precaver de que o clima de hostilidade contra ela se intensifique de forma que este não contagie outras atividades culturais e políticas. Essa política visa abafar a revolta do povo trabalhador contra seus patrões que só no bloco de domingo estiveram reunidos em cerca de 300 mil. O carnaval sendo um patrimônio cultural brasileiro já mundialmente conhecido não pode ser censurado. Inspirados pela censura ou pela exploração da direita, mais dia menos dia os cariocas farão como no samba de Wilson das Neves em que este diz:
O dia em que o morro descer e não for carnaval
Ninguém vai ficar pra assistir o desfile final
Na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu
Vai ser de escopeta, metralha, granada e fuzil (é a guerra civil)