Em sua edição do dia 3 de junho, o jornal golpista Folha de S.Paulo publicou um artigo que chamou bastante atenção, dado o seu cinismo, do racista Fernando Holiday. O texto, que carrega como título A direita que não vê racismo, é uma indiscutível tentativa do militante do Movimento Brasil Livre (MBL) conciliar-se com setores da esquerda nacional. A pergunta que fica é: por que, após atacar tanto o movimento negro, o bolsonarista Fernando Holiday estaria interessado em se confraternizar com aqueles que chamava de “vitimistas”?
Antes de responder a essa pergunta, apresentamos ao leitor o que exatamente Fernando Holiday escreveu em seu texto. Após uma longa enrolação, explicando que a atuação de Sérgio Camargo na Fundação Palmares teria ultrapassado dos limites, o vereador concluiu:
“Isso deve servir de alerta para quem não se cegou na disputa política: falhamos ao não buscar o diálogo e, acredito, o movimento negro falhou ao se render completamente à esquerda. Não podemos abandonar o pressuposto de que o racismo existe. Precisamos aceitar que discutir —com embasamento— o fim das cotas raciais ou questionar a figura de Zumbi não torna alguém racista (ou “capitão-do-mato”). E, finalmente, a Fundação Palmares necessita de uma direção que a recoloque em seu papel histórico; o movimento negro deve reencontrar a tolerância de Martin Luther King; e a direita prudente não pode ignorar esse debate.“
A demonstração de cinismo de Holiday é tamanha que procurar contra-argumentar seria um diversionismo. Apenas para refrescar a memória do leitor sobre a figura repugnante que procura agora andar de braços dados com esquerda, Fernando Holiday foi o fascista que invadiu uma sessão na Câmara dos Vereadores de São Paulo que homenageava Che Guevara para arrancar e rasgar cartazes que retratavam o líder cubano. É esse o “diálogo” que Fernando Holiday conhece.
O fato é que Holiday não é um elemento mais moderado que Sérgio Camargo, nem muito menos está arrependido de seu passado de perseguição à esquerda e ao movimento negro. Suas declarações refletem apenas que, no final das contas, o fascista-mirim, que outrora se achava valente o suficiente para invadir escolas para intimidar os professores progressistas, não passa de um frouxo. Agora que os negros nos estados Unidos estão nas ruas expressando todo o seu ódio contra a polícia e a política racista empreendida pelos capitalistas, Holiday, que está vendo a situação no Brasil se radicalizar a passos largos, não quer ser engolido pela fúria do povo.
Desprovido de princípios como qualquer outro direitista, a única coisa que Fernando Holiday quer é salvar a própria pele, nem que para isso tenha de “atirar” em seu parceiro Sérgio Camargo. O movimento negro, no entanto, não deve ter interesse algum em salvar a pele de Fernando Holiday. É preciso aproveitar as condições favoráveis à mobilização para derrubar, nas ruas, o governo Bolsonaro e todos os golpistas em seu entorno.