Uma constatação aterradora: a Itália tem o mais alto índice de superlotação de presídios na área da União Europeia. De um estudo, emerge um retrato perturbador causado pela superlotação nas prisões, cuja origem, segundo o levantamento, está fortemente ligada às políticas contra a imigração clandestina comandadas pelo governo de Silvio Berlusconi em 2002 – uma situação agravada pelo aumento substancial do fluxo migratório vindo do norte da África, tendo a ilha de Lampedusa como foco crítico.
Em meio ao renascimento do fascismo em seu berço de origem Cesare Battisti diz: “represento um acidente sem precedentes no sistema penitenciário italiano”.
Cesare Battisti, como tantos outros como Assange são vítimas do recrudescimento mundial da ascensão de regimes fascistas com o de Bolsonaro. Um pedido de socorro ao Mundo veio através de carta que Battisti escreveu aos companheiros de todos os países.
Assim, o escritor e ativista italiano Cesare Battisti enviou uma nova carta aos seus companheiros em 31 de março relatando os abusos que tem sofrendo dentro do sistema penitenciário italiano, onde cumpre pena.
Lembramos que Battisti foi extraditado do Brasil no final de 2018, o italiano revelou que já não pode nem mesmo se comunicar com o filho por vídeo-chamada. “O massacre midiático orquestrado pelo Estado sobre o “caso Cesare Battisti” permitiu que uma violação dramática dos direitos humanos ocorresse com impunidade no seio de uma democracia européia”, diz em trecho da carta. Eis aí o caráter mais gorila do regime que aferra Battisti.
Battisti, sua ilegal extradição: “Quinze meses se passaram desde o meu sequestro em Santa Cruz e a subsequente deportação forçada para Roma. Desde então, estou em um regime de isolamento normalmente reservado por um período máximo de quinze dias, a prisioneiros submetidos a um procedimento punitivo. Obviamente não é esse o meu caso, na verdade represento um acidente sem precedentes no sistema penitenciário italiano”.
O abuso de poder, sua atividade literária, o cerceamento de direitos lembra seu conterrâneo, o revolucionário Gramsci, nas prisões sob o fascismo. Diz Battisti: “Até agora, eu tenho vivido passivamente (tinha outra opção?) e sofro com o abuso de poder pelos seguintes motivos: eu não tinha informações sobre meus direitos previstos pela Ordem Penitenciária; os meses que passei escrevendo meu último romance me ajudaram a suportar o claustro ao qual sou forçado ilegalmente. Hoje essas duas condições deixaram de existir. A redação do livro, escrita com meios improvisados, está terminada. Um ano de isolamento foi longo o suficiente para me revelar os abusos orquestrados pelo ministério, com o objetivo óbvio de me fazer “apodrecer na prisão”, como prometeu publicamente faz um tempo um ministro de Estado”.
Agora, à revelia das leis italianas, bem como da Convenção da ONU sobre os direitos da criança e das disposições européias sobre o assunto foram amplamente violados: não pode mais fazer vídeo conferencia com seu filho.
Verdade é que um massacre da imprensa golpista mundial orquestrado pelo Estado e pelo imperialismo sobre o “caso Cesare Battisti” permitiu que uma violação dramática dos direitos humanos ocorresse com impunidade no seio de uma democracia europeia.
A denúncia e o apelo dramático de Battisti sobre o isolamento que lhe submetem foram resumidos aos argumentos a seguir:
- Sou forçado a um isolamento abusivo, sem nunca entrar em contato com outros prisioneiros.
- Submetido a uma espécie de regime permanente de punição, sem motivo declarado, violando leis e regras estabelecidas, só me é concedida uma hora de banho de sol, sempre e somente na hora do almoço, ou seja, a escolha de um exclui o outro.
- Me foram negadas as ferramentas necessárias para realizar corretamente meu trabalho como escritor, como autoriza a lei garantia a todos, inclusive para aqueles que pertencem a alta cúpula de vigilância.
- Estou preso no circuito AS2 (para terroristas), quando é evidente que não há perigo de fato que justifique tal medida (há motivos para se perguntar quantos outros estão na mesma situação). Os quarenta anos de refúgio político vividos em absoluta transparência, sempre monitorados, não revelariam o meu real perfil de risco?
- Me mantém em uma ilha, longe de todos os afetos e possibilidades de inserção, em uma prisão que goza de uma reputação de rigor excessivo. Isso com o objetivo de debilitar as resistências físicas e psicológicas e reduzir o contato com o exterior, dadas as dificuldades em me alcançar.
- No auge da covardia, sou impedido de manter um vínculo paterno com um garoto de seis anos de idade.
Por fim, lembra o judeu sobrevivente dos campos de concentração de Hitler, Primo Levi que disse que, um homem é reduzido a besta para fazer o torturador (atormentador) sentir-se menos culpado.
As prisões do imperialismo como a de Assange e Battisti reclamam uma ação conjunta dos trabalhadores do Mundo pela liberdade desses ativistas “apresentados como monstros” por uma imprensa que é, ela mesma, o maior dos monstros a serviço do imperialismo. É preciso derrubar o fascismo no Mundo.