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"Prendam imediatamente"

Bolsonaro e a questão do estupro

O estupro não é um fenômeno alheio ao nosso universo, decorre da luta de classes que coloca as mulheres e os trabalhadores em condições de exploração, violência e miséria

Em meio à campanha histérica que a esquerda pequeno-burguesa tem feito no caso Robinho defendendo o poder punitivo do estado burguês, o caso da candidata do PCdoB agredida pela polícia ao buscar ajuda contra uma violência doméstica sofrida pelo marido parece bastante ilustrativo de como o estado burguês que pune e reprime jamais será aliado das mulheres em nenhum aspecto. Logo, buscar soluções para a violência contra a mulher através da repressão é dar armas à burguesia para massacrar cada vez mais as mulheres e toda a classe trabalhadora.

A burguesia não sem intenção lança uma grande campanha que se em tese pretende estar em defesa das mulheres, mas que aponta sempre o aumento da punição e a restrição de direitos como solução da violência contra a mulher, sem apontar quaisquer iniciativas que retirem as mulheres de situações que permitem que a violência aconteça, como a submissão econômica dos das vitimas em relação aos agressores, por exemplo.

O que existe é uma campanha extremamente reacionária e direitista que pretende na verdade dar mais poder para o estado reprimir a população pobre e trabalhadora, tudo com uma roupagem demagógica em torno da questão da violência contra a mulher colocando o problema em uma perspectiva de demonização dos agressores como se fossem elementos alheios à sociedade e como se a questão da violência contra a mulher – seja violência doméstica ou estupro- fossem situações meramente morais sem qualquer cunho social ou político, o que é uma grande farsa tendo em vista que é a própria burguesia que crias as condições de violência e exploração contra as mulheres.

É a esta campanha fascista que a esquerda pequeno-burguesa se dobra e defende cegamente com unhas e dentes mostrando como a burguesia e a imprensa capitalista exercem uma grande influencia sobre essa esquerda através da histeria generalizada em nome da qual a esquerda deixa de lado qualquer fundamento nas lutas populares, além de ignorar completamente realidade de como efetivamente o estado usa seu aparato repressivo contra a população, a exemplo dos presídios que são verdadeiros campos de concentração e das chacinas promovidas pela policia nas favelas.

O caso do estupro é sem dúvida um dos que mais capta esta tendência reacionária dentro da esquerda. O estupro e os crimes sexuais principalmente contra mulheres e meninas é sem duvida um comportamento extremamente reprovável dentro da classe trabalhadora que gera tanta revolta que por vezes os que cometem o crime são punidos pela própria comunidade ou sofre represálias dos outros detentos quando são presos. No entanto a revolta dos trabalhadores contra estes crimes em muito difere do desespero moral em que se afunda a pequena-burguesia e o fascismo que é promovido pela direita para tratar do assunto.

Os fascistas são grandes inimigos das mulheres, são estes que querem obrigar meninas de 10 anos de idade que engravidam ao serem estupradas a terem filhos dos seus estupradores ao mesmo tempo em que por pura crueldade também querem que os estupradores sejam castrados quimicamente; além de serem exímios defensores da tortura e do encarceramento em massa dos negros, pobres, trabalhadores e da própria esquerda ao mesmo tempo em que pregam que os presos por receberem refeições nas penitenciarias possuem muitas regalias.

Por sua vez, a burguesia mais moderada -que se diz contrária a Bolsonaro por divergências de método mas que no essencial defendem os mesmos ataques promovidos pelo governo Bolsonaro e até mais ataques- tem usado as demandas das mulheres, dos negros, dos LGBT, etc, para fazer demagogia com estes setores. Neste cenário a esquerda pequeno-burguesa e indenitária por estarem distantes das condições materiais que causam o massacre destes setores dentro da sociedade capitalista (ataques que se dão pela própria burguesia) e enxergarem os problemas destes grupos fora da luta de classes, são facilmente conduzidos pela histeria propagandeada.

Neste sentido se lançam nas campanhas demagógicas da burguesia que prometem solucionar os problemas dos explorados com medidas paliativas e repressivas e sem qualquer fundamento na realidade. A histeria da dessa esquerda é tanta que chegou ao ponto de defenderem o mesmo posicionamento direitista defendido por uma ministra de um governo fascista como é Damaris Alves que veio fazer coro com a esquerda de “prendam imediatamente” o acusado de estupro.

Por outro lado são as mulheres trabalhadoras e pobres que estão mais sujeitas aos crimes sexuais como o estupro que são cometidos em sua maioria também por homens da classe trabalhadora e pobre como resultado direto das condições de vida em que estão inseridos pelos capitalistas. Pesquisas e relatórios dão conta de que entre as principais causas dessas violências estão a pobreza e a desigualdade social, problemas gerados pelos capitalistas que criam as condições para que as mulheres sejam violentadas e é neste sentido que o problema deve ser encarado, materialmente.

O estupro, embora não seja algo natural para a classe trabalhadora, não é um acontecimento alheios ao nosso universo, como tudo decorre de um processo social bem definido: a luta de classes, que coloca as mulheres e os homens pobres e trabalhadores em condições de exploração, violência e miséria -que permitem que este tipo de selvageria aconteça- como resultado direto da ação dos capitalistas que procuram dentre outras coisas manterem as mulheres em um estado de insegurança e violência para controlá-las.

A classe trabalhadora, as mulheres trabalhadoras e oprimidas, por sofrerem diretamente os ataques do estado repressivo tendem a enxergar o problema do ponto de vista da sua classe de forma mais concreta e menos histérica. É comum, por exemplo, que no seio das comunidades de trabalhadores existam alguns ou muitos casos de conhecidos e familiares que foram agredidos ou mortos pela polícia ou que foram presos e sofreram tratamento desumano nas cadeias; o mesmo se aplica para os casos de mulheres que foram agredidas ou estupradas.

O problema para estes indivíduos é real, concreto, e por isso dificilmente existe espaço para as demagogias baratas da direita ou para a histeria da esquerda pequeno burguesa. Para a classe trabalhadora a defesa da repressão do estado burguês que os persegue é impensável. Daí o senso de fraternidade que rege os trabalhadores na resolução dos seus problemas -que por vezes se expressa de forma também bárbara e despolitizada como nos linchamentos- mas que se direcionado politicamente de acordo com seus interesses leva ao abandono da barbárie e o avanço da classe trabalhadora na luta política contra seus inimigos de classe.

Desta forma deve haver iniciativas promovidas pelas próprias mulheres trabalhadoras para sua proteção como a criação de conselhos populares de acolhimento e comitês de auto defesa para as mulheres, bem como a luta por emprego, moradia, etc. É assim que os problemas das mulheres e dos trabalhadores devem ser resolvidos: pela própria classe trabalhadora, sem a mão daqueles que os esmagam.

Para isto é preciso se desprender do estado burguês que pune, sobretudo pela mobilização popular contra os inimigos do povo por um governo controlado em todos os aspectos pelos trabalhadores, único capaz de pôr fim aos males que geram todas as violências contra as mulheres e oprimidos e no qual estes crimes podem deixar de existir e aqueles que os cometerem cumprirão sua sentença de forma justa sem perseguições e torturas da burguesia.

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