Enquanto os movimentos sociais e a Central Obreira Boliviana (COB) tomam as ruas e bloqueiam estradas contra mais uma manobra do governo golpista de Áñez, o Movimento ao Socialismo (MAS) capitula diante da ditadura da extrema-direita boliviana e aprova nova data das eleições para dia 18 de outubro. A data acertada com os golpistas, em todo caso, difere da exigida pelos movimentos sociais e a Central Obreira Boliviana (COB), que exigiram do Parlamento uma lei que a fixaria para o dia 11 de outubro.
“18 de outubro é o prazo máximo que o Tribunal Eleitoral (TSE) tem para realizar as eleições gerais, prazo esse que tem caráter urgente, imutável e definitivo”, disse Mlton Barón, Senador pelo MAS.
Vale destacar que o governo golpista vem a adiar as eleições para evitar uma derrota. De início, as eleições gerais estavam marcadas para 3 de maio, mas – utilizando a pandemia como desculpa – os golpistas adiaram-na por três vezes: para a primeira semana de agosto, para 6 de setembro e, por último, para 18 de outubro – contando com o apoio do MAS.
Esse imbróglio se intensifica com as manifestações populares que tomaram as ruas há mais de uma semana – rejeitando o adiamento das eleições; isso porque – diante da manobra dos golpistas – a COB e os movimentos sociais ameaçaram se insurgir contra o adiamento das eleições. Por isso, desde a terça-feira da semana passada, fizeram uma greve geral e ainda hoje continuam com bloqueios de estradas e manifestações em todo o país.
No entanto, ao mesmo tempo, o MAS – que tem o controle majoritário da COB e dos movimentos sociais – capitulou diante da manobra dos golpistas e aprovou que as eleições ocorram em 18 de outubro. E pior: o MAS controla tanto o Senado como a Câmara, o que indica uma força institucional que o partido ainda tem, e não está sequer usando essa força para lutar contra as fraudes golpistas. Isso mostra que a luta institucional é uma cilada, tanto porque mesmo controlando as duas câmaras do parlamento, o MAS não consegue lutar efetivamente contra a direita, demonstrando que os parlamentares, assim como no Brasil, estão se mostrando capituladores, direitistas e até mesmo carreiristas, preferindo garantir seus cargos a rachar e derrubar o regime.
A luta tem que ser nas ruas e a COB precisa superar a política vacilante da direção do MAS para realmente impedir a fraude eleitoral e derrubar pela força popular a ditadura golpista.