Após o vazamento, proposital ou não, da declaração do general Augusto Heleno contra o congresso brasileiro, a extrema-direita prontamente passou a organizar o chamado de um dia de atos nacionais “anti-congresso” e em defesa do fascista Jair Bolsonaro.
Com o estourar da crise, Heleno declarou não estar financiando, assim como outros membros das forças armadas, tais manifestações. Contudo, em todos os lugares suas imagens junto a outras importantes figuras do exército estampam os cartazes e panfletos de divulgação para os atos.
Além disso, é perceptível pelo tom da situação, que os mesmos estão de fato impulsionando e financiando a extrema-direita para a realização destas manifestações. Os próprios generais dão declarações contra o congresso e em prol da ditadura desde antes mesmo das eleições que elegeram Jair Bolsonaro, e agora onde o poder encontrasse em suas mãos, o financiamento dos grupos fascistas adquiriu um ritmo acelerado.
Uma característica importante que vem tomando forma no governo Bolsonaro é a grande presença de membros das forças armas e aparatos de repressão. Em quesito militares, os ministérios brasileiros tem quase 40% de ocupação por generais, capitães, etc, um número muito maior se comparado a dita “ditadura” venezuelana.
Na Venezuela por exemplo, que é um país atingido duramente pelo imperialismo e que é constantemente ameaçada de golpes e guerras abertas, tem em seu governo 26% dos ministérios ocupados por militares. Quando trata-se do governo Bolsonaro, o número chega a quase 40 %.
Chama a atenção também, que Bolsonaro tem mais militares como ministros do que a maioria dos governos da ditadura militar, tendo número superior aos ditadores Médici, Geisel e João Figueiredo, empatando com Costa e Silva e perdendo apenas para Castelo Branco.
Tais dados denotam a grande crise no regime político brasileiro, e a tomada da dianteira pelos militares. Mourão, Augusto Heleno, entre outros, são as principais figuras que hoje ditam as normas da política brasileira em todas as esferas.
Vemos que com o aprofundar desta crise, a estruturação de um governo militar a partir do governo Bolsonaro se desenvolve rapidamente. Os militares de alta patente que ocupam o governo já começaram a dar uma série de indícios que sua participação não será restrita aos meros cargos de ministros, e que o conflito contra o povo e demais setores que entrem no caminho se tornará cada vez mais aberto.
Porém, independente das declarações supostamente democráticas dadas por figuras como Fernando Henrique Cardoso e Rodrigo Maia, devemos lembrar que foram os mesmos os principais impulsionadores da extrema-direita no país. Que fora da base de seus partidos que estruturou-se a campanha em prol do governo Bolsonaro, e que agora, com o desenrolar da crise política, os mesmos temem atos como os do dia 15 de março devido a sua capacidade de inflar a polarização no país.
Caso os bolsonaristas de fato irem as ruas, a população brasileira pode muito bem adotar rapidamente uma postura ainda mais agressiva contra os fascistas, logo, a burguesia adota cautela nesta situação, cercando o regime político de militares porém evitando tornar tudo explicito.