Durante um sessão externa da Câmara dos Deputados, que acompanha o caso do assassinato de João Alberto Freitas pelo Carrefour, em uma loja da rede em Porto Alegre, Stephano Engelhard, vice-presidente da empresa no Brasil confirmou a responsabilidade da mesma no assassinato de claro cunho racista. O fez não sem grande dose de demagogia, ao mesmo tempo que reconhece a responsabilidade da empresa, afirma ser fruto de um “erro”, uma “falha”.
Segundo Engelhard:
“O Carrefour errou, o Carrefour falhou. Tem alguma coisa que não funcionou no Carrefour. Vou deixar isso bem claro para que não haja dúvidas. Pode ser uma empresa terceirizada, mas a responsabilidade é nossa”.
A posição do executivo da multinacional imperialista é uma resposta a política que a empresa adotou após a repercussão extremamente negativa, para o Carrefour, do caso. Logo após o assassinato, empresa imperialista contratou um grupo de pessoas ligadas, supostamente, ao combate ao racismo, negros e brancos, destacando-se Silvio Almeida, teórico do “racismo estrutural”, para desviar o foco do caráter claramente racista da empresa e de sua responsabilidade no caso para coisas difusas.
Com esse espírito que a empresa criou o Comitê Externo de Livre Expressão sobre Diversidade e Inclusão, com um orçamento de R$ 25 milhões de reais, esperava com isso maquiar bem a empresa. Esse Comitê teria a função de assessorar a empresa, que explora, discrimina e até assassina negros, para que desenvolva ações de combate ao racismo e a discriminação, tornando-se, como afirmou um dos acionistas no Brasil, ABilio Diniz, uma referencia na luta antirracista no Brasil.
A primeira ação deste Comitê foi uma série de recomendações que colocariam o Carrefour na trilha do antirracismo. As recomendações passam por: adoção de uma política de tolerância zero com racismo e discriminação, incentivo de empreendedorismo negro, qualificação diferencia para 100 negros e negras por ano para acelerar na carreira, principalmente, mudar o sistema de segurança da loja, internalizando-a, oferecendo assim cursos formativos para os funcionários da segurança, parceria com movimentos negros, tornando o time da segurança um instrumento de combate ao racismo, dentre outras medidas inócuas.
Porém, ficou evidente que o Comitê nada mais era do que um subterfúgio dos capitalistas para recuperar a imagem positiva da empresa, acalmar a população negra organizada, salvaguardando-a de sanções drásticas. Ficou evidente a manobra, essa pessoas foram contratadas para dar ao Carrefour, uma empresa imperialista, que explora e mata o povo negro, um selo de empresa modelo de antirracista.
Surgiu um grande número de criticas a posição serviu dos negros que compõe o Comitê, cujo, objetivo e retirar a pecha de empresa racista; escravocrata do Carrefour, tornando-a, não de fato, mas na imagem, uma empresa preocupada com a luta contra a discriminação, tiveram de se explicar.
Silvio Almeida, conhecido como teórico do racismo estrutural, uma concepção pequeno-burguesa sobre a questão da opressão do negro, procurou justificar-se afirmando que não era bem assim. Publicou em sua conta nas redes sociais:
“Não trabalho para o Carrefour, não fui chamado pela empresa e nem irei funcionar como “assessor”. O intuito do Comitê é propor formas de reparação e meios de responsabilização que possam contemplar a família de João Alberto, mas também ao conjunto da sociedade.
Portanto, não sou assessor ou coisa que o valha, o que aliás foi uma condição para que eu participasse. Apenas não quero mais que outra pessoa seja assassinada e tenhamos como resposta “palestras de sensibilização” em dois meses do ano e indenizações irrisórias”
É evidentemente uma farsa já que o Comitê se colocou como tarefa pensar estratégias de combate ao racismo para o Carrefour. Se o objetivo de Almeida é promover uma reparação a família de João Alberto, massacrado pelo Carrefour, deveria denunciar a responsabilidade da gigante escravocrata imperialista, defender expropriação do Carrefour Brasil e a sua estatização e não compor um Comitê impulsionado pela empresa.
Outra questão fundamental diz respeito a questão da segurança, levantada pelo Comitê, que dão como uma das soluções a substituição de uma empresa terceirizada de segurança privada para que o próprio Carrefour administre a segurança, oferecendo formação e cursos antirracismo. Como se o problema do negro fosse algo puramente ideológico; uma preocupação com a formação das das pessoas, formação antirracista, poderia livrar o negro das consequências do racismo e da opressão. É uma confusão política, as ideias e representações racistas somente podem desaparecer se solapado o fundamento que lhes dá origem, ou seja, a super-exploração do negro e opressão política dela decorrente.
Nesse sentido, podemos entender a posição do vice-presidente do Carrefour. Ao afirmar que a responsabilidade é do Carrefour está respondendo, ainda que de maneira demagógica, já que atribui a responsabilidade a erros e falhas, aos inúmero críticos deste Comitê e de seu objetivo. O tiro saiu pela culatra, uma parcela da opinião pública não viu a ação da empresa como algo positivo, mas como uma manobra para se safar da responsabilidade e da penha de empresa escravocrata, o que são de fato.