Jeremy Corbyn é uma autêntica liderança popular, assim como são Lula aqui no Brasil e Bernie Sanders nos Estados Unidos. Apoiado pelos sindicatos ingleses, Corbyn conseguiu levar o Partido Trabalhista a uma posição mias à esquerda, o que não ocorria há décadas. No entanto, Corbyn capitulou diante da política da extrema direita e do setor direitista de seu partido, fazendo com que as massas que o apoiaram e o fizeram ser líder do partido ficassem confusas, inclusive com pessoas votando em Boris Jhonson para assegurar o Brexit.
As capitulações de Corbyn estiveram em total sintonia com tudo o que a burguesia havia planejado. Corbyn deixou de apoiar a saída da União Europeia abertamente, preferindo apostar em um novo referendo ao invés de abraçar a saída da Inglaterra, que sempre havia sido sua bandeira.
Corbyn também não soube se contrapor aos ataques ridículos da imprensa burguesa sobre seu suposto anti-semitismo, por apoiar a Palestina, assim como todo o movimento de esquerda internacional. Nesse episódio, o ex-líder do Partido Trabalhista preferiu pedir desculpas, ao invés de se manter firme e esclarecer a população do genocídio do imperialismo no Oriente Médio.
Também houve muita vacilação sobre a questão das eleições, já que o sistema eleitoral inglês permite que a rainha ou o primeiro ministro convoquem novas eleições quando quiserem, garantindo que sejam feitas eleições nos momentos mais propícios para a burguesia eleger seu representante. Corbyn não soube chamar eleições quando deveria e aceitou eleições quando havia perdido o apoio popular.
Tudo isso serviu não só para que Corbyn perdesse as eleições na Inglaterra, mas também para que a ala direita do partido trabalhista se armasse para reconquistar a liderança do partido.
Ainda batendo na tecla do fajuto anti-semitismo, setores de direita como o de Dame Louise Ellman falam sobre o corbynismo como algo do passado, algo que teria sido o pior momento da história do partido trabalhista, que deveria ser esquecido. A imprensa burguesa também bate na mesma tecla, alegando que Corbyn foi parte de um mundo que já não existe mais e que seria anterior ao coronavírus.
O que esses setores querem dizer, na verdade, é que sem Corbyn na liderança do partido, o partido já não pertence aos setores operários que o apoiaram, ficando agora nas mãos da esquerda pequeno burguesa que o dominava na época do neoliberal Tony Blair. O engraçado é que, enquanto Corbyn era o líder do partido, a esquerda pequeno burguesa preferiu o trazer para um posicionamento anti-brexit. Porém, agora que o partido é dominado por esse setor, Keir Starmer, novo líder do partido, mudou sua posição para apoiar a saída.
Agora é inclusive esperado de Keir Starmer que ele apoie alguns pontos importantes de Boris Jhonson, da extrema-direita, enquanto se opõe naquilo que não seja essencial, para garantir a fachada de oposição e tentar confundir a classe trabalhadora.
O fenômeno Corbyn, portanto, deve ser analisado sob a ótica de que uma conciliação com setores da burguesia nunca levará a uma vitória da classe operária. É necessário separar o joio do trigo, os trabalhadores da burguesia. Resta agora saber como reagirá o movimento operário em todo esse cenário.