Em editorial do dia 10 de outubro, a Folha de São Paulo pediu a saída do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Segundo o jornal, sua saída serviria como uma forma do governo Bolsonaro de demonstrar que não está alinhado totalmente com a destruição do pantanal que vem ocorrendo nos últimos meses, já que o governo deve enfrentar uma grande pressão nos próximos dias por conta da próxima divulgação dos índices de desmatamento da Amazônia.
Duas lições importantes devem ser tiradas do editorial da Folha. A primeira é que o jornal não é nem de longe o jornal da democracia, como tem tentado se vender nos últimos tempos. Em nenhum momento o jornal se coloca frontalmente contra a política de Bolsonaro, pelo contrário, pede a saída de Ricardo Salles somente como forma de o governo não sofrer pressão nacional e internacional, o que demonstra, na verdade, que o jornal não deseja o fim do governo genocida e destrutivo que vem assolando o país.
Para deixar clara essa posição, demonstrando que Bolsonaro deve fazer isso para não enfrentar uma crise, o editorial chega a dizer logo no olho da matéria: “Bolsonaro deve mostrar que instinto de sobrevivência supera obsessão ideológica”.
A segunda lição que podemos tirar, e que está relacionada com a primeira, é o fato de que pedir a saída de Salles é uma política que não leva a lado nenhum. Do que adianta pedir sua saída, quando o governo responsável pela destruição do meio ambiente continuará no poder?
Uma das bases de apoio do governo Bolsonaro é formada pelos latifundiários, grileiros e demais setores conservadores ligados à terra. Essa base de apoio exigirá outro ministro do governo que, assim como Salles, leve adiante o projeto de entregar as terras brasileiras a eles. Nesse sentido, Salles não é o responsável pelas queimadas, mas sim, todo o governo golpista de Jair Bolsonaro.
Quem segue essa política de pedir a derrubada de um ou outro ministro do governo, como se tentasse domesticar o bolsonarismo, é a esquerda pequeno burguesa. Esse setor da esquerda não tem uma política própria e se baseia na avaliação e no programa da própria burguesia. É assim que vemos o exemplo da Secretaria da Cultura e do Ministério da Educação, em que a esquerda pedia o fim dos secretários e ministros que mais pareciam se assemelhar ao bolsonarismo.
No entanto, o mesmo empenho não se dá na pedida pela derrubada de Paulo Guedes, já que o ministro da economia ainda é um queridinho da imprensa burguesa.
Não é possível reformar o bolsonarismo. É necessário seu fim como um todo, por meio da mobilização dos trabalhadores brasileiros. Para uma vitória real que pare a destruição do Pantanal, da Amazônia e dos demais biomas e florestas do Brasil, é necessário que todo o governo golpista seja colocado abaixo. Só assim, com um novo governo apoiado nos operários, nos camponeses e os indígenas, é que o Brasil assegurará a manutenção do meio ambiente com sua exploração de forma racional.