A polêmica em torno da obrigatoriedade da vacinação, tornou-se novamente um ponto de aliança entre a esquerda pequeno-burguesa e a burguesia brasileira, possibilitando apenas o fortalecimento da extrema-direita.
Em um ano de aprofundamento da crise capitalista, a esquerda brasileira em nenhum momento lançou-se como opção independente da burguesia, para organizar os trabalhadores e tirar com esta base um plano para a crise. Seja na luta contra o desemprego, seja na luta contra o coronavírus ou contra o próprio governo Bolsonaro, em nenhum momento a esquerda agiu com uma política própria, sempre à reboque do principal setor da burguesia golpista.
Em nome da ciência!
A esquerda, dessa maneira, passou a adotar a defesa de uma série de pautas até mesmo antidemocráticas e repressivas, como no caso do lockdown para combater o coronavírus – medida que revela a total falta de política da burguesia
– e agora, na defesa incondicional da obrigatoriedade da vacina contra o novo coronavírus, ameaçando de repressão, os próprios trabalhadores.
Em nome da “ciência”, a esquerda passa a defender as vacinas produzidas por grandes empresas capitalistas sem sequer pensar duas vezes. Um dos principais nomes dessa disputa pela “ciência”, é a multinacional Pfizer, dos Estados Unidos, hoje a segunda maior indústria farmacêutica do mundo. Em relação a mesma, foi detectado uma forte reação alérgica em inúmeros voluntários nos EUA. Além disso, segundo a FDA dos Estados Unidos, agência nacional responsável pela supervisão de alimentos e medicamentos no país, outros seis voluntários faleceram durante os testes clínicos da vacina.
No início do mês de dezembro, após toda repercussão da vacina, o Reino Unido emitiu um alerta não recomendando aplicação da vacina em pessoas com histórico grave de reações alérgicas.
Devemos defender a obrigatoriedade da vacina?
É nestas organizações que a esquerda pequeno-burguesa deposita suas esperanças. Contudo, ao contrário da política histérica, a classe trabalhadora se opõe à obrigatoriedade da vacina. Frente a todas estas denuncias recentes, e o histórico de problemas com medicamentos que há no país, é mais do que natural que haja desconfiança e receio. Apenas a esquerda pequeno-burguesa confia cegamente nos capitalistas.
Esta política, é a política defendida pelo principal setor da burguesia mundial. A vacina é um problema econômico para os grandes capitalistas, o que está em discussão não é quantas pessoas serão vacinas, mas o quanto de lucro a burguesia obterá de todo este processo.
Mediante a esta questão, a esquerda volta a se aliar com a burguesia nos ataques aos direitos democráticos da população, defendendo novamente a repressão. A defesa de que “as autoridades precisam dar o exemplo”, fez com que a esquerda chega-se a parabenizar Dória pela compra das vacinas, e utilizar até mesmo o ditador fascista Benjamin Netanyahu, de Israel, como exemplo, apenas pelo mesmo ter se vacinado.
A esquerda não faz. A extrema-direita…
Se a esquerda não aparece como alternativa a burguesia genocida, o caminho fica aberto para a extrema-direita traçar. Bolsonaro, tornou-se do dia para a noite o maior “antissistema”, defensor dos “direitos individuais” da população, em nome da reabertura geral e contra a vacinação obrigatória, uma política totalmente demagógica, mas que na ausência de política da esquerda, aparece como referência a população.
O que está em discussão não é se deve-se ou não ter uma vacina, mas sim os direitos democráticos da população. Pressionado por comerciantes em sua base, atingidos pelo lockdown, e por religiosos que não querem tomar a vacina, Bolsonaro aparece com está política, que não servirá de nada aos trabalhadores. Por outro lado, a esquerda que defende a polícia e tenta se apresentar como “limpinha e cheirosa” para a burguesia, passa a ser vista em aliança com os genocidas, tão odiados pela população.
O que deve ser colocado, é que a vacina é um direito da população, o trabalhador deve escolher utilizar-se dela ou não. Não podemos obrigar a população a utilizar algo que ela não deseja, ainda mais quando se trata de uma vacina produzida pelo imperialismo genocida.
A política correta, do ponto de vista dos trabalhadores e da defesa dos direitos democráticos de todo o povo, não é obrigar. A vacina sendo importante, e de confiança da população, como é o caso da vacina dos cubanos, produzidas diretamente pelo estado operário, deve-se ter uma propaganda em torno dela e um processo de esclarecimento da população para tal. Jamais aumentar a opressão, esta é simplesmente uma política ditatorial, e abraça-la é entrar em uma nova frente com todos os golpistas.