O crescimento das mobilizações e da luta dos explorados em todo o país é um fato de grande importância e da maior envergadura. Milhares de ativistas estão ganhando as ruas de todo o Brasil, manifestando uma grande disposição de luta e o desejo de colocar um fim do governo golpista do presidente fraudulento Jair bolsonaro.
Todavia, essas grandes e contundentes mobilizações que já estão tomando conta de todas as mais importantes e principais cidades encontram enormes obstáculos para o seu desenvolvimento. É inegável, no entanto, que há uma gigantesca disposição de luta represada por anos de contenção imposta por setores da própria esquerda nacional, a burocracia que controla os sindicatos e demais organizações de luta dos trabalhadores.
Não faltam também, para criar dificuldades adicionais às já existentes, os pretensos dirigentes da esquerda nacional, que se arvoram ao direito de controlar as mobilizações, como se alguma autoridade viesse a ter diante delas. Um caso que merece atenção e destaque, pelo caráter reacionário e de freio ao enfrentamento com a direita nacional está ocorrendo em São Paulo. O dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, integrante do PSOL, vem se colocando como obstáculo ao avanço da luta para fazer evoluir o choque com os setores fascistas que se movimentam na capital paulistana, ocupando aos domingos a Avenida Paulista.
Em episódio recente, Boulos – sem qualquer consulta ou concordância dos demais setores da esquerda que organizam e participam dos atos contra a extrema direita – chegou a um acordo abjeto e repugnante com as forças policiais do governador direitista João Doria, estabelecendo que o principal local de concentração e atos na cidade de São Paulo, poderia ser dividido com a extrema direita, em uma espécie de sistema de rodízio, onde em uma semana a rua seria dos coxinhas, dos bolsonaristas e em outra semana, a esquerda e os movimentos contra os golpistas e a direita fascista seria a ocupante da avenida. Um acordo podre, que merece a condenação de todos que estão empenhados na luta pelo “Fora Bolsonaro”, na luta para expulsar os direitistas das ruas.
O resultado prático desta política de traição à luta das massas populares e de todos aqueles que desejam enfrentar nas ruas os bolsonaristas é que o desfecho não será outro senão a proteção da extrema direita, dos coxinhas, de Bolsonaro e seus seguidores. Trata-se de dar aval a uma política que irá atacar a esquerda, na medida em que se intensificará a repressão aos movimentos, criando dificuldades ainda maiores para que a esquerda se coloque como vanguarda na luta por organizar as mobilizações pelo “Fora Bolsonaro”. Uma inestimável contribuição do senhor Guilherme à permanência dos golpistas à frente do governo genocida, responsável pelas dezenas de atrocidades que são todos os dias cometidas contra o povo trabalhador brasileiro.
