Segundo os dados do governo federal até ontem o País tinha mais de 118,6 mil mortos, vítimas do coronavírus e mais de 3,7 milhões de casos confirmados da doença. Nos últimos dias tem se registrado uma média de mil mortes e 40 mil novos casos por dia. O Ministério da Saúde apresentou um boletim relatando um aumento de 4% de mortes em relação à semana anterior. No entanto segundo esse mesmo relatório o número de novos casos diminuiu.
Constata-se que hoje metade das cidades brasileiras já deixaram a quarentena originada pela pandemia do Covid-19, retomando quase normalmente o seu movimento nos postos de trabalho. No entanto a epidemia, segundo dados oficiais, só recuou em 43% dessas cidades.
Em 171 (53%) dos 324 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, o movimento nos postos de trabalho está em média igual aquele antes do início da pandemia, ou seja, a maioria dos trabalhadores já voltaram a seu trabalho.
Verificou-se que em muitos desses municípios que voltaram à atividade normal a doença causou um aumento no número de casos ou ainda uma estabilidade, mas num patamar ainda muito elevado.
A reabertura das atividades econômicas segue o plano geral do governo ilegítimo de Bolsonaro e que agora é seguido pelos governos estaduais. O governo do estado de São Paulo, de João Dória, que iniciou a reabertura em 10 de junho, declarou que o seu plano de reabertura gradual não teve impacto negativo no número de casos e mortes pelo Covid-19, uma declaração cínica, de um governo que não tomou nenhuma providência para deter o avanço da doença.
O Brasil registra um dos maiores índices de retorno aos postos de trabalho dos países da América Latina, a frente de Argentina, Colômbia, México e Chile, somente atrás do Uruguai.
O exemplo do Paraná
Um informe epidemiológico distribuído pelo governo do Paraná deixa claro como os números do Covid-19 tem sido manipulados para darem a impressão que o contágio e morte pela doença tem diminuído para que se possa levar uma campanha pela reabertura das atividades econômicas.
Nesse informe se constata que o estado do Paraná registra o total de 120.920 casos da doença com 3.064 mortes. O detalhe está na tabela denominada “casos e óbitos de SRAG por vírus de residentes no Paraná”. SRAG significa Síndrome Respiratória Aguda Grave.
São contabilizados cinco tipos de SRAG: por Covid-19; por Influenza; por outros vírus respiratórios; por outros agentes etiológicos e SRAG não especificada, além do que eles classificaram como “em investigação”.
SRAG por Covid-19: 10.045 casos e 2.590 mortes
SRAG por influenza: 95 casos e 13 mortes
SRAG por outros vírus respiratórios: 777 casos, 61 mortes
SRAG por outros agentes: 34 casos e 14 mortes
SRAG não especificada: 15.082 casos e 2.606 mortes
Em investigação: 3.699 casos e 5 casos.
No total são 29.732 casos e 5.289 mortes. Esta tabela demonstra claramente que o número de casos e mortes por doenças respiratórias é quase o dobro daquele divulgado pelo governo do Paraná.
Chama atenção especial a classificação “Não especificada”, que traz metade do número de casos e de mortes total. Isso só mostra que muitos dos mortos não foram testados para o Covid-19. Devemos lembrar que o SRAG em 2019 matou apenas 349 pessoas em todo o país. Portanto fica claro que esses números escondem que a maior parte das vítimas do SRAG são de vítimas do Covid-19.
Consultando o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde verificamos que os dados sobre o SRAG também escondem as mortes por agentes não especificados.
Segundo esse boletim são 111.258 mortos pelo Covid-19, 317 pela Influenza, 209 por outros vírus respiratórios, 403 por outros agentes etiológicos, 46.484 por causas não especificadas e 2.889 em investigação, com um total de 161.560 mortos, o que mostra um número total de mortes muito superior àquele divulgado pelo governo federal.
Política de genocídio
Por estes números fica evidente que o problema da pandemia é muito mais grave do que os governo federal e os estaduais demonstram. Há uma deliberada omissão dos números verdadeiros para encobrir a gravidade da situação e levar adiante o objetivo dos capitalistas: a reabertura do comércio, da prestação de serviços e a normalização da economia geral em detrimento da saúde do povo. Esta política de reabertura de atividade no auge da crise sanitária é um crime gigantesco, um real genocídio da população mais humilde que é obrigada a ir trabalhar por falta de opção.
Neste momento os governos estaduais estão trabalhando para fazer o retorno dos alunos às aulas presenciais. Nessas condições, a volta às aulas sem uma vacina é uma política assassina, que não respeita as vidas das crianças e adultos e só atende aos interesses dos empresários da educação, dos banqueiros e outros setores que querem “tocar a economia” como se tudo estivesse normal.