Enquanto a população morre nos hospitais por conta do vírus ou passa fome em casa por conta do governo golpista, a principal organização de estudantes do Brasil, a União Nacional dos Estudantes (UNE), propõe “tuitaços”, “barulhaços” e “panelaços”.
A pandemia do coronavírus abriu espaço para a implementação de políticas extremamente repressivas, entre elas o próprio confinamento obrigatório que, por mais que não tenha sido oficialmente declarado, é possível encontrar notícias de pessoas que foram presas por estarem na rua.
No começo, essas medidas fizeram com que os protestos contra o governo Bolsonaro fossem cancelados. Logo, com incentivo da UNE e de outras organizações de esquerda, eles se tornaram “panelaços” ou “barulhaços” — em suma, ir para a janela da sua casa bater panelas (assim como a direita coxinha fez no golpe contra a presidente Dilma) ou fazer barulho contra o governo ou, em outros casos, contra ministros específicos.
Assim como fizeram nos protestos contra os cortes na educação em 2019, a UNE continua seguindo a linha de criticar coisas específicas e esperar que soluções venham do próprio governo: um exemplo do fracasso dessa política foi quando a organização pediu a saída do ministro da Educação original do Bolsonaro, Vélez Rodríguez. O resultado foi a entrada do também fascista Abraham Weintraub, a quem a UNE insiste em pedir a saída, demonstrando que não aprendeu nada com as experiências anteriores.
Incentivando a campanha do “fique em casa”, a UNE está promovendo com mais frequência — visto que a organização já promovia atos do tipo antes mesmo da pandemia — os “tuitaços”, ou seja, um horário marcado para as pessoas que aderiram o movimento fazerem posts na rede social Twitter com um determinado objetivo. Os últimos temas foram “taxar fortunas para salvar vidas” e “contra a MP 905” (carteira verde e amarela).
É evidente que a organização continua insistindo no mesmo erro. Os ataques do governo fascista de Bolsonaro não serão impedidos por ações de caráter propagandístico como um “tuitaço”, assim como elas não devem ser combatidas individualmente.
A UNE precisa incorporar a palavra de ordem “Fora Bolsonaro”, pois apenas com a pressão popular, a qual envolve um dos mais importantes e radicalizados movimentos populares do Brasil, o movimento estudantil, é possível derrubar Bolsonaro e, por consequência, acabar com os ataques fascistas ao povo e aos estudantes. Mas é preciso uma mudança de postura muito grande na entidade. Pela lógica ou pela ciências naturais, o movimento não pode ser assim chamado se estiver parado. É preciso mobilização.