A crise do governo Bolsonaro colocou em pauta a necessidade de uma alternativa política, as manifestações e atos pelo “Fora Bolsonaro”, que se realizam desde do final de maio, demostraram a possibilidade de extenso movimento de esquerda independente. Ao mesmo tempo, setores da burguesia que deram o golpe de Estado em 2016, que colocaram Bolsonaro no Palácio do Planalto associados com a esquerda-vira-página-do-golpe (PCdoB, direita do PT e parte do Psol) se apressaram em lançar manifestos e atos virtuais pela Frente Ampla.
Na matéria “Direitos já anuncia maior evento digital pro democracia no Brasil”, publicada no site Vermelho do PCdoB, é exaltada o “evento pró-democracia virtual” reunindo a fina flor dos políticos golpistas que retiraram os direitos sociais, econômicos e políticos do povo brasileiro.
Cada vez mais integrado por políticos da direita tradicional – alguns inclusive, figuras de proa no golpe de 2016, como FHC e até mesmo Michel Temer, o vice presidente que se transformou em presidente usurpador após o impeachment, foram convidados para o III Ato Direitos já! O “Fórum pela Democracia”, marcado para o próximo dia 26 de junho, é mais uma inciativa visando limpar a ficha corrida da direita tradicional, que depois de retirar direitos e impor um regime golpista quer apresentar-se como “democrática” e “cheirosa”.
Primordialmente, essa política de frente ampla é uma operação de reciclagem do lixo político que deu o golpe de 2016 e que, depois de estabelecer as bases do funcionamento do regime golpista, encontra-se em conflito com o governo Bolsonaro, para o qual perdeu praticamente toda a sua base social eleitoral. Para que essa completa fraude política possa realizar-se – e também a reciclagem de políticos como FHC, Marta Suplicy, Marina Silva, entre outros, e mesmo partidos inteiros como o PSDB, Rede -, é preciso que setores da esquerda oportunista possam servir como avalista dessa operação aos olhos da massa popular.
Em consonância com essa política, o PCdoB procura desempenhar o papel de fomentador principal dessa política de frente ampla, tendo os políticos da direita do PT (parlamentares e governadores) e políticos da esquerda pequeno-burguesa como Marcelo Freixo e Guilherme Boulos como parceiros nessa empreitada. O governador do Maranhão pelo PCdoB, Flávio Dino constantemente aparece na imprensa para distribuir “credenciais democráticas” para políticos burgueses e mesmos para bolsonaristas arrependidos.
O coordenador nacional dos “Direitos Já!” é o sociólogo Fernando Guimarães, ex- dirigente do PSDB que afirma que o ato virtual do dia 26 é a constituição do palanque mais amplo após o movimento das Diretas Já de 1984. Mas, como Karl Marx já havia escrito no 18 de brumário de Luis Bonaparte, primeiro como tragédia, depois como farsa.
O palanque mais amplo, nada mais é do que do uma coalizão de figuras reacionárias e de esquerdistas sem apoio para dar cobertura, visto que Lula se opõe à frente. A função da esquerda oportunista é servir de correia de transmissão para a política da burguesia no interior do movimento de esquerda, em nome da “defesa da democracia” e dos “direitos”.