Como a maioria dos golpes de Estado na América Latina, e inclusive no Brasil, não instauraram abertamente uma ditadura, como aconteceu em 1964, há a ilusão de que a situação que hoje vivemos, com um Bolsonaro na presidência, poderia ser revertida por meio do voto.
Como se o impedimento de que Lula fosse candidato em 2018 não fosse o suficiente, temos ainda outros exemplos recentes. Um é o do ex-presidente equatoriano, Rafael Correa, condenado a oito anos de prisão e teve o partido colocado na ilegalidade, e outro de Evo Morales que, obrigado a renunciar em novembro de 2019, é o candidato cotado a ganhar as próximas eleições presidenciais na Bolívia, o que fez com que os golpistas que tomaram conta do país adiassem as mesmas.
Ou seja, está claro que o que foi derrubado por um golpe não será reerguido por eleições. Se a direita e o imperialismo se deram ao trabalho de organizar e executar um golpe de Estado para retirar a esquerda do poder, não entregará o governo tão facilmente por meio de simples eleições.
O que faz com que a esquerda acredite nisso é uma fé cega na democracia, como se as eleições fossem algo sagrado, cujo resultado seria a expressão da vontade popular. Nada poderia estar mais longe da verdade. A direita está disposta a qualquer coisa para impedir a volta da esquerda ao governo e não será um chamado às urnas que reverterá essa situação.
A eleição é a ilusão suprema, mas não é a única. Não acreditaram que haveria golpe de Estado (a democracia brasileira é sólida!), não acreditavam que o Congresso votaria o impeachment de Dilma Rousseff e não acreditaram que Lula seria preso. Depois acreditaram que Fernando Haddad podia vencer as eleições e resolver tudo, o que não aconteceu. Já na lona com o governo Bolsonaro, vários setores se agarraram aos mais diversos salvadores: Villas-Boas, Rodrigo Maia, o STF. Tudo ilusão.
Chegaram ao ponto de saudar a recente ruptura ocorrida no “centrão”, o que não vai resultar em nada de positivo para os trabalhadores, mas vai acabaram levando a esquerda no Congresso a apoiar um dois candidatos governistas ao Congresso.
Agora, como não poderia deixar de ser, quem vai nos salvar serão as eleições.
Por que a esquerda pequeno-burguesa vive de fantasias políticas? Porque não querem adotar aquele que seria o único caminho eficaz, para derrotar o golpe e Bolsonaro; a mobilização popular.