Não é novidade para ninguém a posição do PSTU é de completo alinhamento com o imperialismo nas questões fundamentais. Foi assim defendendo o golpe no Brasil, no Egito, na Ucrânia e outros países. É assim no caso da Venezuela. A posição dos morenistas do PSTU tem sido de uma frente com a direita imperialista que, nesse momento, não apenas quer um golpe no país, mas tenta invadi-lo militarmente.
Em matéria publicada em seu sítio na internet intitulada “Venezuela: o fracasso da intervenção militar de mercenários” (19/5/20), mesmo diante de fatos óbvios como foi a recente tentativa de invasão da Venezuela por mercenários norte-americanos, contratados pelos opositores ligados a Juan Guaidó, o PSTU se recusa a defender o governo Maduro, alvo da operação imperialista e usa argumentos delirantes para justificar sua política.
Primeiro delírio: o povo não apoio Maduro
Para justificar sua política pró-imperialista, o PSTU inventou a história de que o próprio povo venezuelano colocou em dúvida o acontecimento: “Dentro da Venezuela, as notícias se espalharam rápido e foram colocadas em dúvida por amplos setores da população, que chegaram inclusive a ridicularizar e minimizar os fatos. Uma reação lógica, se forem levadas em conta as repetidas atitudes mentirosas do governo Maduro.” Quem seriam essas amplos setores da população? Logicamente o PSTU não explica.
O PSTU não explica também, se Maduro é tão impopular, as notícias de que pescadores teriam detido parte dos invasores. Mas mais ainda, se Maduro é tão impopular, por que o imperialismo tem tanta dificuldade de derruba-lo?
E podemos dizer ainda mais. Se Maduro é impopular como diz o PSTU, por que o imperialismo, depois de um sem número de tentativas para derruba-lo, tenta agora uma medida de força usando tropas mercenárias para uma invasão no País?
Mas diante do fato incontestável da tentativa de invasão, que o PSTU tentou colocar em dúvida como sendo uma espécie de auto-conspiração do governo, restou dizer que a investida imperialista será benéfica a Maduro: “O governo aproveitou a ação fracassada para se vitimar, desviando a atenção dos problemas reais do país”. Maduro seria tão impopular que precisa contar com uma tentativa de invasão para se sustentar no poder, segundo o PSTU.
Para não precisar defender o governo e o povo venezuelano contra a ofensiva criminosa do imperialismo, o PSTU inventa uma história.
Segundo Delírio: “Maduro ditador” ou onde o PSTU se encontra com o imperialismo
Assim como nos ensina a imprensa imperialista internacional e a imprensa golpista brasileira, Maduro é “um ditador”. A nota da UST (Unidade Socialista dos Trabalhadores), organização política venezuelana ligada ao PSTU, afirma que vai “denunciar que o governo usa a operação frustrada como argumento para realizar um ataque repressivo e criminalizar protestos legítimos, lutar contra a fome, combater o pacote antioperário e antipopular do governo, bem como derrubar o governo promotor da fome, corrupto e repressivo de Maduro”.
O governo Maduro, acuado pelo imperialismo, sofre boicote econômico, tentativas de invasão, tentativas de golpe da direita. E qual a posição do PSTU diante disso, se coloca do lado do imperialismo para derrubar Maduro, que não tem sequer o direito de se defender politicamente da oposição pró-imperialista, sob risco de ser acusado de “ditador”.
Diante desse conflito, o PSTU toma o lado do imperialismo: quer derrubar Maduro, o “terrível ditador”. Logicamente, que os morenistas, como é próprio de seu estilo oportunista, faz isso com palavras pseudo-esquerdistas e até pseudo-revolucionárias. Mas qualquer pessoa minimamente de esquerda deveria saber exatamente que a única posição possível no caso de um ataque imperialista contra um País é a defesa de seu povo e a denúncia do golpe, o que passa por defender o governo Maduro, alvo da operação imperialista, apesar de todas as suas contradições. Se Maduro cair nesse momento, não será o povo nem a UST que irão entrar em seu lugar, mas a direita fascista, liderada por Guaidó e patrocinada pelos Estados Unidos.
Terceiro delírio: Maduro é pior que Bolsonaro
Mostrando sua disposição para seguir passo a passo a campanha dos jornais imperialista, o PSTU repete a mais nova calúnia: Maduro é igual a Bolsonaro. Diz ele “Como Bolsonaro, o ditador Maduro vem defendendo o uso da cloroquina, um medicamento sem nenhuma comprovação de eficácia, para tratar os infectados.”
Se Maduro defende a cloroquina não sabemos. Se defende, também não sabemos seus motivos. O impressionante nisso tudo é que de maneira cínica o PSTU usa um aspecto hiper secundário para comparar o presidente golpista, de extrema-direita e fascista do Brasil com um governo nacionalista de esquerda como Maduro.
Não foi o PSTU que inventou tal comparação. Ela se encontra, às vezes abertamente, às vezes através de insinuações, nos principais jornais golpistas brasileiros e imperialistas do mundo todo.
A comparação por si só é absurda, mas chama ainda mais atenção por que está claro que, para o PSTU – e é bom que se diga, para o imperialismo -, Bolsonaro não é ditador, Maduro sim.
O PSTU mais uma vez se coloca lado a lado do imperialismo para atacar Maduro. A política da esquerda pequeno-burguesa é a versão esquerdista do que defende o imperialismo. Diante da ofensiva da direita contra o governo e o povo venezuelano, o PSTU ataca Maduro, repetindo caninamente os mesmos argumentos que são usados pelo imperialismo para caluniar o governo da Venezuela.