No dia 27 de dezembro de 1929, o representante da burocracia soviética que havia tomado o poder no país, Josef Stalin ordenou a “liquidação dos kulaks como classe”. Este evento fez parte de um das mais famosas e desastrosas políticas do stalinismo, a coletivização forçada no campo. Os kulaks, como eram chamados em russo, são a camada superior dos camponeses, foram os que apresentaram a maior resistência às políticas de coletivização e por isso sofreram duras repressões como deportações e até execuções. Essa política stalinista também desestabilizou completamente a produção de alimentos na URSS gerando uma grande onda de fome no país.
A política stalinista é conhecida pelos seus zigue zagues, sendo os mais famosos os da década de 1930, que começou com a igualação dos nazistas com os socialistas, depois a política foi de aliança até com a burguesia “democrática” contra os fascistas, em seguida o pacto com os nazistas e por fim novamente a aliança com o imperialismo “democrático”. Todas essas políticas foram tomas com base apenas nos interesses da burocracia stalinista e levara a gigantescas derrotas da classe operária. A política interna de Stalin para a URSS também seguiu uma trajetória semelhante.
Inicialmente a burocracia stalinista de 1923 à 1928 negava a necessidade de industrialização apontada pela oposição, que era liderada por Leon Trótski, o argumento usado era de que os camponeses seriam “roubados” e assim quebrada a aliança da cidade e do campo. Ao mesmo tempo os kulaks, também conhecidos como camponeses ricos, iam acumulando riquezas, a maior taxação dessas riquezas em prol da industrialização do país era uma das principais políticas da oposição que era vetada pelo bloco dominante da burocracia. Em 1928 a oposição foi dispersada com base na repressão política, Trótski foi exilado, e assim a política stalinista teve mais um de seus giros de 180 graus.
Agora era necessário a rápida industrialização da URSS em conjunto com a coletivização das terras, a qualquer custo. Foi adotado o primeiro plano de cinco anos, que inicialmente era uma ideia da própria oposição. Assim começou a disputa do Estado com os kulaks, a coletivização forçada significava o confisco das propriedades e de grande parte da produção excedente desses camponeses, resistindo a essa política stalinista os kulaks escondiam ou destruíam os grãos e preferiam abater os animais ao invés de entregá-los ao Estado. Por anos se estabeleceu quase uma guerra civil que destruiu grande parte das forças produtivas (no atraso em que se encontrava a URSS os animais realizavam grande parte da tração) e dos alimentos.
O resultado dessa política foi o enorme crescimento da fome até o ano de 1933, aqui vale combater a propaganda imperialista que alega que neste período, apenas na Ucrânia (uma das repúblicas da URSS), teriam padecido de fome quase 3 milhões de pessoas, o evento é conhecido como o Holodomor. Os números reais são difíceis de encontrar mas estão muito longe do que é propagandeado pelo imperialismo, isso fica evidente pois ao se buscar a origem da figura dos 3 milhões se encontra “pesquisas” de notórios anti-comunistas e também propagandas da imprensa burguesa ao estilo do que é feito com a Venezuela nos dias de hoje onde supostamente há uma enorme fome e mesmo assim a pandemia de Covid-19 mata centenas de vezes menos que no Brasil.
A política anterior de Stalin de não industrializar a URSS desde o principio foi um dos grandes erros que levou a luta dos camponeses contra o Estado pois fortaleceu os kulaks. Contudo a própria forma como seu deu a coletivização também foi criticada por Trótski, afinal para se trabalhar em grandes extensões de terras coletivas é necessário o uso de maquinários como tratores, algo que não existia em quantidade na URSS onde havia um enorme atraso em comparação com os países imperialistas. A coletivização deveria se dar em conjunto com a capacidade industrial do país de produzir maquinário agrícola suficiente para todas as terras algo que nem estava previsto no próprio plano quinquenal. Ou como disse Trótski: “Esta perfeitamente claro que o atual velocidade da coletivização é definida não por fatores produtivos mas por fatores administrativos”.
A política de coletivização forçada do stalinismo gerou uma imensa fome no país em conjunto a uma enorme crise política que poderia ter levado ao fim da própria URSS, foi mais um dos enormes erros do stalinismo. Este acontecimento e muitos outros serão abordados na Universidade Marxista em janeiro e fevereiro de 2020, o tema será justamente “O que foi o stalinismo: uma analise marxista”. Acesse universidademarxista.pco.org.br e inscreva-se neste que é o maior e melhor curso de formação política da esquerda nacional!