O Grito de Lares foi um episódio de insurreição armada dos porto-riquenhos, ocorrido em 23 de setembro de 1868, contra o domínio da metrópole colonial espanhola. O objetivo era conquistar a independência de Porto Rico.
O Império Espanhol experimentava uma prolongada decadência histórica, fruto de seu atraso econômico e pelo fato de ter sido ultrapassado pelas potências capitalistas, em especial a pujante Inglaterra. As antigas colônias americanas da Espanha, de norte a sul do continente, já haviam conquistado suas independências. Os espanhóis tinham projetos de recolonização do território americano.
Cuba e Porto Rico, ambas localizadas no Mar do Caribe, continuavam na condição de colônias da Espanha no século XIX. Neste dia 23 de setembro, cerca de 400 a 600 rebeldes porto-riquenhos armados se reuniram na fazenda de Manuel Rojas, situada nas proximidades de La Pezuela, nos arrabaldes de Lares. Uma vez organizados, os rebeldes entraram em ação e tomaram o controle do poder municipal da cidade de Lares. Fizeram os comerciantes espanhóis e as autoridades locais como prisioneiros, classificados de “inimigos da pátria”.
No controle do poder municipal, os rebeldes declararam libertos todos os escravos que pegassem em armas contra os espanhóis e aboliram o sistema de cartilha de jornaleiros. A República de Porto Rico foi proclamada na madrugada de 24 de setembro e o governo provisório era composto exclusivamente por porto-riquenhos.
Tropas espanholas deram combate aos rebeldes quando estes rumavam para a cidade de San Sebastián. Os rebeldes tentaram recuar para Lares, porém foram cercados e exterminados pelos inimigos. Ao redor de 475 rebeldes são presos. Um tribunal militar sentencia a pena de morte, pelos crimes de traição e revolta, aos prisioneiros independentistas. Como um esforço para acalmar o clima insurrecional em Porto Rico, o governador José Laureano Sanz concede uma anistia geral a todos os presos políticos da casa libertadora.
No final do século XIX, os Estados Unidos conseguem arrematar as últimas colônias espanholas no Caribe, no caso Cuba e Porto Rico. Em Cuba, os americanos mantiveram uma situação que configurava uma fachada de independência, pois tinham o direito constitucional de intervir na vida política da Ilha.
Neste contexto de desagregação do império espanhol e ascensão dos movimentos independentistas, Porto Rico é ocupada pelas tropas americanas e transformada em um protetorado. Até os dias atuais, os porto-riquenhos lutam para se libertarem da dominação estrangeira, no caso, dos Estados Unidos da América.
O interesse dos EUA em Porto Rico é ter uma posição estratégica para suas bases militares no Mar do Caribe.