A Batalha de Montes Claros, que terminou com a vitória portuguesa, foi um episódio fundamental para a consolidação da independência de Portugal em relação à Coroa Espanhola.
As Guerras de Restauração se caracterizaram pelos enfrentamentos militares, tanto pontuais e localizados como em grande escala, entre as duas coroas ibéricas. Seu resultado foi o fim da União Ibérica (1580-1640), que significara a união das monarquias portuguesa e espanhola e a junção de suas possessões coloniais, sob controle destes últimos, durante a dinastia Filipina.
Na época, Portugal e Espanha eram as principais potências coloniais da Europa e decidiam o destino do mundo. Os dois países disputavam de forma acirrada a conquista de territórios coloniais, com especial vigor no continente americano. Os portugueses buscavam ocupar e defender militarmente o território brasileiro contra ingleses, franceses, espanhóis e holandeses, com a intenção de manter sua soberania e a se apropriar das riquezas naturais e explorar a mão-de-obra escravizada dos indígenas e africanos. Os espanhóis, donos de um território colonial imenso e cheio de riquezas minerais, também buscavam assegurar seu domínio político e militar e sua supremacia comercial no âmbito internacional.
A Batalha de Montes Claros foi a última de uma série de enfrentamentos militares entre as duas coroas. Os espanhóis tentaram a invasão do território português e a ocupação de Lisboa, tomando em primeiro lugar Vila Viçosa e a seguir a cidade de Setúbal. As forças invasoras contavam com 15.000 infantes, 7.600 cavaleiros, catorze canhões e dois morteiros contra 20.000 combatentes, sendo que 2.000 eram provenientes das Ilhas Britânicas. Em termos de baixas, os espanhóis tiveram 4.000 mortos e 6.000 caíram prisioneiros e os portugueses registraram 700 mortos e 2.000 desaparecidos.
O Tratado de Lisboa de 1668, assinado por Afonso VI de Portugal e Carlos II de Espanha, reconheceu a secessão e a independência dos portugueses. Os dois países ibéricos vão experimentar longa decadência, que se manifesta na estagnação das forças produtivas e na perda do poderio político e militar que desfrutavam internacionalmente. Inglaterra, Holanda e França vão entrar na via do desenvolvimento capitalista e transformar os dois maiores impérios coloniais em sombras do passado.
Os seguintes combates formam, sob perspectiva histórica, as Guerras de Restauração: Cerco de São Filipe; Montijo; Cerco de Elvas; Talavera la Real; Vila Nova de Cerveira; Arronches; Cerco de Badajoz; Linhas de Elvas; Ameixial; Castelo Rodrigo; Montes Claros; Berlengas. A Batalha do Cabo de São Vicente foi a única batalha naval entre os exércitos das duas coroas.