Na segunda-feira (18), a Praça Itália – batizada pelos insurgentes como “Praça da Dignidade” – na capital chilena, milhares de manifestantes saíram às ruas contra o governo direitista de Sebastián Piñera. Em meio a escalada de conflitos entre a população e as forças repressivas do Estado, a ‘Superlunes’ [Supersegunda], marcou um mês da rebelião popular contra o neoliberalismo e seus representantes chilenos.
A manifestação, todavia, foi reprimida pelos carabineiros, policiais militares do Chile, que utilizaram de toda a fonte de repressão possível para dispersar a população. O Fora Piñera!, por conseguinte, é mantido como palavra de ordem, desde que os protestos se iniciaram no dia 18 de outubro – quatro dias após os protestos contra o aumento da passagem do metrô, em Santiago. A repressão, no entanto, tem aumentado com o desenvolvimento da luta contra o governo direitista de Piñera. Segundo o relato de uma jornalista, no Twitter, “encurralaram as pessoas da praça entre ela e o Seminário, está tudo cheio de gases, as pessoas estão se jogando no rio (Mapocho) para poder escapar”.
De acordo com o Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH), consta, até o momento, 23 mortes pelo aparato repressivo chileno, além de mais de 2 mil feridos; sendo que mais de 200 pessoas já perderam a visão de um dos olhos por disparos de balas de borracha. Por parte da polícia chilena (Carabineros), foram realizadas mais de 15 mil detenções durante um mês de protestos, segundo informações da própria polícia.
Embora o governo de Piñera esteja numa crise profunda, o mesmo tem buscado ganhar tempo para arrefecer os ânimos da população, e reagrupar forças para o embate contra a população. As manifestações, porém, continuam apesar das repressões e de todas as tentativas de Piñera: com concessões sociais, demissão de ministros e constituinte fajuta.
O mandatário chileno, por sua vez, tem elogiado o acordo parlamentar, realizado na sexta-feira (15), para a convocação de um plebiscito em abril de 2020 – na qual o próprio governo fará parte. Essa, portanto, é a mais nítida demonstração da tentativa do governo contornar a rebelião popular e ditar o rumo político.
Diante da agudização da luta de classes levada a cabo em toda América do Sul, a crescente mobilização popular, claramente observada, expressa o embate entre as camadas populares exploradas e os exploradores. Nesse sentido, a evolução dos conflitos já engendra em seu conteúdo seu combate ulterior: o enfrentamento entre as massas e o imperialismo na América Latina.