A República da Somália, país do chifre da África, tenta, depois de 25 anos, consolidar um governo central que controle todo o território. Em fevereiro de 2017, elegeu Mohamed Abdullahi como presidente através de uma eleição de fachada em que votaram somente parlamentares. Os conflitos tribais mantêm o país bastante dividido onde mais de 1 milhão de pessoas estão ameaçadas pela fome. Em outubro do ano passado, na capital do país, cidade de Mogadíscio, um carro bomba matou mais de 350 pessoas e deixou mais de 200 feridos. O governo atribuiu o ataque ao grupo islâmico Al Shabaab, ligado à organização Al Qaeda, que não assumiu a ação. Na noite de sexta feira (12), outro carro bomba explodiu matando 26 pessoas e desta vez o grupo islâmico assumiu a responsabilidade do atentado que matou um candidato presidencial das eleições regionais marcada para agosto.
O atentado aconteceu num hotel em Kismayo, cidade portuária do Sul da Somália, onde boa parte da região é dominada pelo grupo Shabaab, onde estavam reunidos parlamentares e anciãos (representantes no conselho dos clãs do país). Depois da explosão que matou 26 pessoas, três homens armados invadiram o hotel, o conflito com as força de segurança de Jubbaland duraram cerca de 11 horas. Shuuriye, candidato presidencial da região de Jubbaland, terminou morto, além de dois jornalistas e um funcionário da ONU. Entre as vítimas estão três quenianos, dois norte americanos, um britânico e três tanzanianos. Outras 56 pessoas foram feridas. Também morreram três militantes do Al Shabaab, sendo um motorista do carro bomba, e ainda um deles foi capturado pela força de segurança de Jubbaland.
É importante ressaltar que a guerra civil começou em 1991 entre diversas facções tribais, tem envolvimento direto dos países imperialistas. A Somália é um país que detém várias reservas de petróleo e teve, desde então, quase dois terços de seu território concedidos para as empresas norte americanas. Em 2007, a intervenção dos Estados Unidos foi extremamente violenta contra “posições islâmicas”, para capturar e aniquilar supostos militantes da Al Qaeda. Há evidentes indícios de que os Estados Unidos financiam tanto grupos somalis quanto etíopes, que são rivais entre si na Somália, nada diferente do que se verifica em diversas zonas de conflito do mundo para assim manter esses países sob sua influência e controle.