Um dos problemas mais intensos e recorrentes na sociedade capitalista é o racismo, que empurra a população negra, principalmente pobre, para os subempregos, serviços precários, sem garantias ou estabilidade. Quando se trata de trabalhos mais significativos, em muitos momentos em relação aos meios de comunicação, por exemplo, os negros quase não aparecem como protagonistas. Um exemplo disso é a quantidade de técnicos negros no futebol brasileiro.
De forma inédita, neste sábado dois técnicos negros estarão presentes no jogo deste sábado, às 19h, entre Fluminense e Bahia, no Maracanã. Esses são os únicos dois treinadores negros da série A do Campeonato Brasileiro. Um deles ainda está iniciando sua carreira, Marcão, do tricolor carioca, enquanto Roger Machado já possui uma trajetória um pouco mais longa e consolidada, porém, de certa forma, sempre de maneira instável, principalmente por ser negros, já que o racismo vigente no capitalismo tende a limitar o espaço e a visibilidade de pessoas negras.
Claro que, dentro do capitalismo, nada é feito sem a perspectiva de lucrar. Diversas empresas costumam nadar na onda das pautas identitárias utilizando negros para mostrar como são “progressistas” e que estão ao lado da luta contra o racismo. Contudo, os negros dentro do capitalismo só servem para duas coisas: gerar lucro para empresas que querem se mostrar mais “humanistas” ou como mão-de-obra barata.
Marcão, do tricolor carioca, ainda disse que: “eu vejo isso como um marco. Será que já tivemos mais de três treinadores na série A ou B ao mesmo tempo? Isso é pouco, bem pouco, mas vamos tomar isso como um marco para mudança. O mercado é fechado, pois o círculo é vicioso. Sai um e entra o mesmo de antes em seguida. Não muda. A cultura de resultados do futebol brasileiro é o que distribui as cartas de oportunidades. Nós vivemos fases. Porque se você reparar, há um ano e meio atrás, a nova geração estava a mil. Treinadores com muito conhecimento estavam nos clubes de ponta do Brasil. Eduardo Baptista, Jair Ventura, Thiago Larghi, Zé Ricardo, Rogério Ceni.. Mas a cultura de resultados foi minando o trabalho. Uns estão fora do mercado porque para alguns, os treinadores jovens não servem mais. Nem tanto ao céu nem tanto ao inferno. Tem vaga para todo mundo”
O negros nunca terão posições de respeito enquanto o capitalismo não for derrubado. Até lá, o processo é longo e demanda organização dos movimentos sociais em torno da luta pela emancipação da classe trabalhadora em geral, em comitês de autodefesa e na constante luta pela retirada de todos os golpistas que estão no poder.