Na manha da última quarta-feira (dia 17), vários grupos de manifestantes ligados ao movimento negro sergipano realizaram protesto contra a matança de negros naquele Estado, em frente à Secretaria de Segurança Pública do Estado. Na ocasião, uma petição foi entregue reivindicando o fim da brutalidade por parte da PM.
Embora seja o menor Estado brasileiro, Sergipe tem a 7ª maior taxa de homicídios, e possui ainda duas cidades entre as primeiras 5 mais violentas, sendo Itabaiana (1º 118,7 homicídios/100mil hab) e Aracaju (4º 76,5 homicídios 100mil hab). Apesar desse elevado número de ocorrências, o Estado, governado pelo PSD, vem diminuindo investimentos em ações de segurança na ordem de 10% desde 2016, justamente alinhado ao golpe, o que agravou o quadro geral.
Como detentora do monopólio da violência e repressão, a polícia faz uso dessa prerrogativa em qualquer ação. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de mortes diretas causadas por ação policial, subiu 100% entre 2015 e 2016 mantendo-se estável em 2017, onde, das 100 mortes registradas em Itabaiana em 2016, 90 foram causadas por intervenção direta da polícia, e esse quadro acompanha a média nacional.
O Anuário ainda registra que, nacionalmente em 2018, houve um aumento de 19% nas vítimas da polícia contra uma diminuição de 15% na morte de policiais, o que reflete o crescimento da letalidade das abordagens. Ainda registra que a taxa de homicídios de negros, supera por 2 vezes e meia a de brancos (40% e 16% respectivamente). Em Sergipe, mais uma vez, esse dado é o topo da lista, com 79% dos homicídios sendo cometidos contra negros.
O estopim da mobilização foi a morte do designer de interiores Clautênis José dos Santos.
O trabalhador de 37 anos foi assassinado pela policia durante uma abordagem a um veículo de aplicativo, que levava o rapaz e amigos para casa. A caminhonete da polícia emparelhou com o carro, ordenou que parasse e então, fuzilou Clautênis. As investigações estão se arrastando a semanas devido, segundo advogados da família, ao “corporativismo” da policia e “má vontade” do poder público, claramente cúmplices da ação.
Fatos como esse são demonstração clara do Estado policialesco brasileiro, e do estimulo a violência e letalidade por parte do aparado de repressão e da direita à frente do governo do presidente ilegítimo, Bolsonaro. O povo negro é a principal vítima dessa violência estatal, tendo sido historicamente empurrado à marginalidade e cotidianamente esmagado pelo sistema capitalista e sofrendo com o fim a assistência direcionada a ele desde o golpe.