O ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), foi solto de forma “imediata”, no último sábado (21), por determinação do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Napoleão Nunes. Ele foi preso na sexta (20), após chegar do exterior e desembarcar em Natal (RN).
A decisão do ministro do STJ também se estendeu ao advogado Francisco das Chagas, ao administrador Davi Clemente, à prefeita de Conde, Márcia Lucena, e à ex-secretária de Saúde do estado, Cláudia Veras, que se encontrava foragida.
Depois de solto, e na sua primeira oportunidade, uma entrevista concedida ao UOL, Coutinho classificou como “absurda” a suspeita e disse que o Ministério Público da Paraíba (MPPB) “arrumou” uma delação para acusá-lo. Coutinho lamentou o fato, insinuando o propósito político e ideológico do MPPB, dizendo que “delação não é prova”, e se defendendo das acusações, informando que seu patrimônio é compatível com o que ganhou ao longo de 28 anos em exercício de cargos políticos. “A casa que eu tenho foi declarada em valor integral. Meu carro é de 2007!”, afirmou.
“Estou sendo vítima de perseguição política”, disse o ex-governador, com todas as letras. E explicou, o porquê: “Não é simplesmente algo contra o Ricardo. É contra um projeto que mudou a correlação de forças na Paraíba, gerando atritos com instituições”, completou.
Para Ricardo Coutinho, atual presidente do PSB na Paraíba, a suposta perseguição se estende também a outros membros do partido. “Essa construção de narrativas não visa somente me atacar. Existe um claro mapeamento sobre o partido e sobre o nosso grupo de militantes”, disse, e deu como exemplo a prisão da prefeita de Conde, Márcia Lucena, referindo-se à ela como prisão “violenta”.
O ex-governador também estabeleceu possíveis semelhanças entre as operações Calvário e Lava Jato, dizendo que as duas “fazem parte de um mesmo contexto”. Ele defendeu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado “por uma propriedade que efetivamente não tinha”. “O que está acontecendo aqui é um retrato do Brasil”, cravou.
Coutinho, embora do PSB e defensor de alianças com a direita, é um ex-petista que foi contra o impeachment de Dilma, possui ligações com o grupo que apoia Lula e pertence a uma ala nacionalista do PSB. E é daí que vem sua visão sobre o cenário político atual que vê que o Brasil “perdeu uma estrada da civilidade democrática desde 2013”. Em sua avaliação, desde então o país lida com desorganização da Economia e criminalização da política, resultando em “um país destruído, com as pessoas sentindo apenas ódio”. “Esse período é pior do que a ditadura. Lá, você sabia o que estava acontecendo. Agora, tem capa de democracia que cada vez nega mais direitos”, analisou.
Ricardo Coutinho foi alvo da sétima fase da Operação Calvário, batizada como Juízo Final, na última terça (17). Ele teve prisão preventiva decretada pelo desembargador Ricardo Vital. A ordem judicial foi cumprida na quinta (19), quando o ex-governador desembarcou em Natal, Rio Grande do Norte, de uma viagem de férias à Turquia.
Ele, contestou as acusações do Ministério Público da Paraíba, que o apontou como chefe de uma organização criminosa responsável por desviar mais de R$ 134 milhões de investimentos que, originariamente, teriam sidos enviados para à Saúde e Educação, durante o seu governo.
Coutinho também negou ter recebido propinas de R$ 500 mil mensalmente e falou que os diálogos apresentados na denúncia estão “descontextualizados”, “truncados” e “provavelmente editados”.