Na última terça-feira (19), a Câmara dos Deputados aprovou, com 329 favoráveis, o regime de urgência para a tramitação do projeto de lei que busca alterar a forma societária dos clubes de futebol, transformando-os de associações sem fins lucrativos em sociedades anônimas, isto é, em empresas capitalistas.
Com o apoio do presidente da Câmara, o direitista Rodrigo Maia (DEM-RJ), a aprovação da urgência garante que o projeto, cuja relatoria cabe ao também direitista Pedro Paulo (DEM-RJ), seja levado direto para votação em plenário, sem passar pelas comissões correspondentes. A pressa por parte da direita golpista na tramitação do projeto do clube-empresa, como é popularmente conhecido, é um indicativo de que uma ampla ala da burguesia se movimentou, encontrando-se já numa etapa avançada da operação de controle sobre alguns clubes.
Os defensores da proposta do clube-empresa dizem, candidamente, que o projeto “estimula” a migração dos clubes para o formato de sociedades anônimas. Nada mais falso. O projeto, na prática, força os clubes a aderirem ao formato empresarial, na medida em que estabelece uma série de condições econômicas mais vantajosas para o clube-empresa, como um regime tributário diferenciado, sistema próprio de refinanciamento de dívidas, regras mais benéficas para a recuperação judicial, além de uma maior abertura para a contratação de jogadores por fora das normas e direitos trabalhistas convencionais.
A direita golpista, que impulsiona e leva adiante o projeto, não esconde que sua intenção é atrair mais investimentos, sobretudo investimentos estrangeiros, para o mercado do futebol. Ou seja: o objetivo declarado é entregar os clubes de futebol brasileiros para o grande capital nacional e estrangeiro, colocá-los numa bandeja para que os monopólios capitalistas possam explorá-los à vontade. Como se pode ver, nada muito diferente do que acontece com os outros ramos da economia que também são submetidos à voracidade privatizadora dos capitalistas e seus agentes políticos.
O projeto do clube-empresa constitui um tremendo ataque ao povo brasileiro e sua cultura. Caso seja aprovado, abrirá uma larga avenida por onde a burguesia desfilará, deixando pelo caminho o rastro da elitização dos estádios, da repressão às torcidas e suas formas de manifestação, do sufocamento do futebol local e regional, do domínio esmagador dos clubes europeus, do consequente enfraquecimento dos clubes e da cultura futebolística nacional, e por aí vai.
Para quem defende um futebol verdadeiramente popular, um futebol controlado pelo povo, com os clubes e federações sendo dirigidos pelos seus verdadeiros interessados, vale dizer, pelos torcedores, especialmente os organizados, é imperativo denunciar e travar uma luta contra o transformação dos clubes em empresas capitalistas. O futebol pertence às massas populares, à classe operária e aos trabalhadores em geral, ao povo negro, aos explorados e oprimidos do país. Abaixo o clube-empresa!